Suplicy alega ser idoso e tenta passar na frente na fila de CPIs

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Carolina Linhares/Folhapress

O protocolo de CPIs (comissões parlamentares de inquérito) na Assembleia Legislativa de São Paulo teve confusão entre deputados, empurra-empurra e gritos de ordem na manhã desta sexta-feira (24), após uma fila que durou mais de três dias.

O deputado Eduardo Suplicy (PT), que tem 81 anos, chegou ao local do protocolo portando o estatuto do idoso em mãos e argumentou que tinha preferência na fila, o que imediatamente gerou protesto dos deputados da direita, que ocupavam as primeiras posições. No fim, a ordem da fila foi seguida.

A corrida pelas CPIs, que já virou tradição na Alesp, acontece porque as comissões são instaladas na ordem em que são protocoladas, e só cinco podem funcionar ao mesmo tempo.

Deputados aliados ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e ao presidente da Casa, André do Prado (PL), ficaram com a liderança ao iniciarem a fila na terça-feira (21), antes mesmo que a Mesa Diretora definisse como e onde seria feito o protocolo. A oposição de esquerda afirma que os deputados da base tiveram informação privilegiada e, por isso, chegaram antes.

O PT tinha a intenção de protocolar uma CPI sobre o tiroteio em Paraisópolis ocorrido durante uma agenda de campanha de Tarcísio —uma pessoa foi morta. Já os deputados da base protocolaram CPIs de temas diversos, justamente para blindar o governo.

Enquanto os deputados da direita argumentavam que o ato da Mesa a respeito do protocolo afirma que não há preferência por idade, os da esquerda diziam que o estatuto do idoso é lei federal e deve prevalecer.

O grupo da direita, que ocupou os primeiros lugares na fila, era formado por Gil Diniz (PL), Thiago Auricchio (PL), delegado Olim (PP), Danilo Balas (PL), entre outros.

“Não vai ter golpe” e “sou brasileiro com muito orgulho” cantavam os servidores da direita.

A fila teve início na terça-feira (21), mais de 72 horas antes da abertura do protocolo. A bancada da esquerda afirma que os deputados aliados de Tarcísio e André tiveram informação privilegiada e iniciaram a fila sem aviso.

A estratégia inviabilizou o protocolo de CPIs da oposição. Na quinta (23), o PT acionou a Justiça para anular a fila.

Durante a semana, houve muita reclamação de servidores que faziam revezamento no local. Quem saísse para ir ao banheiro, comer ou fumar poderia perder o lugar.

Em meio a confusão, a polícia retirou servidores do corredor lotado e restaram apenas os deputados, que se aglomeravam eles mesmos na porta do protocolo.

Por volta das 9h15, o deputado Thiago Auricchio, primeiro da fila, entrou na sala de protocolo em meio a confusão. A ordem da fila foi sendo seguida, com Gil entrando em seguida.

Do lado de fora, deputados do PT e do PSOL protestavam.

A fila, que já virou tradição na Alesp, acontece porque as comissões são instaladas na ordem em que são protocoladas –e só cinco podem funcionar a cada vez.

O resultado é uma corrida entre base e oposição para que seus assuntos prevaleçam –deputados aliados de Tarcísio querem propor qualquer tema que não o desgaste, enquanto a esquerda busca justamente o contrário.

Folha