Trapaça política de Moro põe Zanin no STF

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

 

Eduardo Guimarães

A disputa pela vaga de Ricardo Lewandowski no STF é das mais renhidas, com postulantes altamente gabaritados, mas acaba de ganhar ares de decisão. Lula tem uma preferência, entre três nomes, mas os outros dois são tão fortes que a decisão ERA difícil.

Falemos rapidamente dos três candidatos.

O primeiro a ser lembrado é o favorito de Lula, Cristiano Zanin Martins, advogado do presidente que ostenta o mérito por reabilitá-lo jurídica e politicamente.

Em seguida, temos o advogado e cofundador do grupo Prerrogativas Pedro Serrano, professor da PUC-SP.
Por fim, o favorito de Ricardo Lewandowski, Manoel Carlos de Almeida Neto, assessor de confiança do ministro.

Dois desses candidatos são conhecidos de longa data deste que escreve.

A banca jurídica de Pedro Serrano assumiu minha defesa contra ofensiva que sofri do então juiz Sergio Moro lá em 2017, quando tentou deturpar reportagem do Blog da Cidadania que antecipou que Lula seria alvo da 24a fase da Lava Jato, com condução coercitiva, busca e apreensão e quebra de sigilos. Serrano é um jurista brilhante e o mais experiente entre todos.

Já o jovem e brilhante advogado Manoel Carlos intermediou os contatos iniciais entre este que escreve e o ministro Lewandowski em 2012, logo após ele ter absolvido José Dirceu e passado a ser atacado pelo antipetismo então ascendente no país. Escrevi um desagravo no Blog da Cidadania ao ministro e o texto recebeu mais de 5 mil mensagens de apoio, entre amigos, alunos, intelectuais, políticos e familiares. Lewandowski e sua família decidiram me agradecer pela iniciativa e Manoel Carlos cuidou de me receber no aeroporto e me conduzir ao STF para encontrar o ministro — o manifesto pode ser lido neste link https://blogdacidadania.com.br/2012/11/assine-o-manifesto-de-apoio-ao-ministro-ricardo-lewandowski/. Depois voltou a me receber para participar da posse de Lewandowski como presidente do STF, dois anos depois. Manoel está perfeitamente sintonizado com o ministro. No STF, seria garantia da manutenção do trabalho dele.

Com Cristiano Zanin, tive poucos contatos. Mas eu, ele e sua esposa, a doutora Valeska, compartilhamos mesa no café da manhã do hotel em que estávamos todos hospedados por ocasião do primeiro depoimento de Lula a Sergio Moro lá em Curitiba. Durante uns 40 minutos de conversa informal, impressionou-me a confiança que Zanin tinha na prevalência da verdade.

Todos grandes nomes do mundo jurídico, escolha quase impossível para Lula.

Agora, porém, o jornal O Globo publica reportagem sobre ataques que a candidatura do advogado de Lula está recebendo do ex-juiz Sergio Moro que podem definir a escolha do favorito de Lula. Isso porque Moro promete trabalhar para barrar Zanin e o ex-juiz, como se sabe, é persona non grata no Congresso nacional, inclusive na Câmara Alta, onde atua.

A oposição de Moro a Zanin é um indicativo de que ele será peça fundamental para combater o punitivismo de extrema-direita e violador de direitos civis que o ex-juiz promoveu quando tinha o controle da Operação Lava Jato.

Após Moro se posicionar assim, a possibilidade de Zanin virar ministro do STF não cresce apenas porque se o ex-juiz o rejeita, o presidente irá apoiá-lo. Zanin se torna mais palatável também ao Senado, que bem sabe o que Moro fez nos verões passados.

Redação