Zanin já está com um pé dentro do STF

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Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

Aliados do advogado Cristiano Zanin, favorito de Lula para a primeira vaga que será aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) com a aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski, já se movimentam para pavimentar o caminho da aprovação ao seu nome no Senado, segundo a equipe da coluna apurou com seis fontes que acompanham de perto os bastidores da disputa.

Embora não tenha afirmado ainda publicamente que vai indicar Zanin, Lula tem aproveitado as entrevistas que dá para elogiar seu defensor na Lava-Jato, responsável pela tese que levou à anulação das condenações do presidente no Supremo.

“O Cristiano Zanin foi a grande revelação jurídica nos últimos anos”, disse Lula na última terça-feira, em entrevista ao portal Brasil 247. “Eu não vou indicar um ministro por ser meu amigo, para fazer coisa para mim. Quero indicar um ministro da Suprema Corte que seja uma figura competente do ponto de vista jurídico.”

Só que a escolha do presidente da República ainda precisará ser validada pelo Senado. E como estão certos de que será Zanin o eleito, aliados do presidente na Casa já começaram a se movimentar para evitar que haja problemas nessa próxima etapa.

De acordo com relatos de auxiliares, um influente cacique partidário da base lulista conversou com os senadores da sua legenda para saber se há algum veto ao nome de Zanin.

Outro senador, este de um partido que se classifica como independente do governo, contou à equipe da coluna ter sido procurado por um intermediário do advogado para marcar uma conversa. Não se antecipou o tema, mas em se tratando de Zanin ficaram implícitas as intenções ao sugerir a agenda.

Advogados que apoiam Zanin também relataram que, embora não esteja abordando nenhum senador diretamente, ele tem se feito mais presente em Brasília, circulando mais e procurando conversar com os parlamentares.

Nesta semana, por exemplo, ele esteve na cidade para o aniversário do colega Nelson Williams, que promoveu um jantar com vários parlamentares na casa de um sócio de Williams, no Lago Sul, bairro nobre da capital.

Para os senadores mais próximos de Lula, a iniciativa de Zanin é positiva, mas não reflete nenhuma dificuldade especial em relação a ele. Esse grupo mais chegado ao presidente da República afirma que não há, no momento, nenhuma movimentação da oposição para colocar empecilhos à indicação do petista para o Supremo em seu primeiro ano de governo.

“Todo mundo já sabe que o nome do Lula pro STF é o Zanin e que a tendência do Senado é garantir a aprovação dele”, disse um senador petista.

Ainda assim, aliados de Zanin querem se precaver contra algum tipo de mobilização da base bolsonarista visando criar problemas — especialmente agora que Lula está protagonizando uma disputa pública com o senador e rival Sergio Moro (União Brasil-PR), alvo da ação de suspeição movida por Zanin no Supremo.

Uma das preocupações é a de que as dificuldades na articulação política do governo Lula respinguem na própria indicação do advogado.

Além disso, o próprio presidente da Comissão de Constituição e Justiça, o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), já sinalizou ao governo que é preciso ter uma estratégia na Casa, para não deixar que a oposição cresça e ofereça uma ameaça concreta.

Para conseguir ocupar a cadeira de Lewandowski, Zanin precisa de ao menos 41 votos dos 81 em jogo. A última vez que o Senado reprovou uma indicação do presidente da República para o Supremo foi em 1894, no turbulento governo do marechal Floriano Peixoto. O retrospecto joga a favor do advogado de Lula.

O Globo