Aprovação a Lula entre mais pobres é MUITO maior
Foto: Evaristo Sá – 10.mar.2023/AFP
Lula decidiu abrir o terceiro mandato com um investimento de retorno rápido. Nos meses inaugurais, o petista apostou no contraste com Jair Bolsonaro, resgatou programas demolidos pelo antecessor, relançou marcas de gestões passadas e buscou reforçar uma conexão com o núcleo de seu eleitorado.
A primeira pesquisa do Datafolha sobre a popularidade do governo dá sinais do alcance dessas escolhas. Lula 3 colheu resultados de curto prazo em grupos ávidos pela recuperação de políticas públicas, mas também vê as limitações de uma plataforma concentrada em sua própria base.
A retomada de ações ambientais, o socorro aos yanomamis, a recriação do Ministério da Cultura e a volta do Bolsa Família reforçaram o vínculo com segmentos fiéis da coalizão petista. Entre os mais pobres, 45% dizem que o governo é ótimo ou bom.
Não seria um mau resultado em menos de 100 dias de mandato. As circunstâncias políticas, porém, não oferecem a Lula tanto conforto.
O presidente enfrenta hesitações dentro de sua coalizão. No segundo turno, ele saiu das urnas com 51% dos votos. Cinco meses depois, tem a aprovação de 38% dos eleitores —o que sugere que quase 8 milhões de pessoas levaram o petista de volta ao poder, mas não embarcaram imediatamente na lua de mel.
O governo também encara a cristalização dos abismos de uma eleição apertada. O bolsonarismo mantém certa unidade e oferece poucas colheres de chá. Lula tem rejeição acima da média entre evangélicos e em segmentos de renda mais alta.
Mesmo alguns integrantes da coalizão de Lula exercem pressão sobre o presidente. Entre os mais pobres, só um terço acha que ele vai cumprir todas as promessas de campanha, e cerca de metade diz que, até agora, ele fez menos do que o esperado.
Lula está longe de uma situação dramática neste início de mandato, mas também não tem um estoque de popularidade para queimar num cenário econômico complicado. O governo ainda terá que conquistar eleitores fora de sua base.