Bolsonaro dá desculpa para explicar post golpista

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Foto: Fenando Donasci/Agência O Globo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou em depoimento à Polícia Federal que postou sem querer um vídeo em que contesta o sistema eleitoral, dois dias após os atos golpitas de 8 de janeiro. Ele deixou a sede da corporação, em Brasília, após depor por cerca de duas horas no inquérito que investiga quem são os autores intelectuais dos ataques às sedes dos Três Poderes. A oitiva foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que atendeu a pedido apresentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

— Este vídeo foi postado na página do presidente Facebook quando ele tentava transmitir para o seu arquivo de WhatsApp para assistir posteriormente. Por acaso, justamente nesse período, ele estava internado em um hospital em Orlando — afirmou o advogado Paulo Cunha Bueno, que acompanhou o ex-presidente no depoimento. — Foi feita de forma equivocada. Tanto que pouco depois, duas ou três horas depois, ele foi advertido e imediatamente retirou a postagem.

— A postagem se deu de forma equivocada, poucos momentos após a saído do ex-presidente do hospital, quando estava sob efeito de remédios e ainda muito debilitado. A mecânica de postagem no Facebook se dá com meros dois cliques no ícone “compartilhar”. A gente juntou ao depoimento o vídeo ilustrativo de como se dá a devida postagem. Ele sequer havia percebido que havia postado o referido conteúdo. Assim que alertado e tomou conhecimento da postagem, ele apagou o vídeo — explicou Fabio Wajngarten, assessor de Bolsonaro.

O ex-presidente chegou a sede da Polícia Federal, por volta de 9h. Bolsonaro foi incluído no inquérito justamente por ter compartilhado, em 10 de janeiro, o vídeo que sugeriu, sem apresentar provas, que a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi fraudada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Questionado se Bolsonaro respondeu perguntas sobre sua relação com o ex-ministro Anderson Torres ou com a minuta golpista encontrada em sua casa, Paulo Cunha Bueno informou que os investigadores se limitaram a questões relacionadas ao vídeo compartilhado, que seria o objeto da representação do Ministério Público:

— Mas o presidente se colocou à disposição para retornar (a Polícia Federal) a qualquer momento e esclarecer qualquer outro ponto.

— Em nenhum momento, o presidente fez qualquer juízo de valor quanto ao conteúdo do vídeo. Bolsonaro recriminou, no depoimento de hoje, todo e qualquer ato antidemocrático e que visa gerar instabilidade a ordem democrática. Ele ainda consignou que as eleições de 2022 são páginas viradas — completou Fabio Wajngarten.

Esta é a segunda vez que o ex-presidente é ouvido pelos investigadores desde que retornou ao Brasil após uma temporada de quase três meses nos Estados Unidos. O primeiro depoimento foi dado no dia dia 5 de abril, no âmbito da apuração sobre o escândalo das joias sauditas, revelado pelo jornal “Estado de S. Paulo”.

O Globo