Bolsonaro segue sendo única opção da direita em 2026

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Foto: Mauricio Tonetto/Palácio Piratini

O espaço para uma terceira via que quebre a polarização entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro existe, mas está vago, de acordo com pesquisas de opinião e analistas políticos.

Eleito governador do Rio Grande do Sul derrotando o bolsonarismo e o petismo, o tucano Eduardo Leite é visto como um nome frágil por falta de retaguarda partidária e eleitoral. As chances da ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento Geraldo Alckmin (PSB) e dos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Romeu Zema (Novo) dependerão do declínio ou impedimento, por motivos políticos, judiciais ou de saúde, de Lula ou Bolsonaro.

O capital político de Simone Tebet é considerado insuficiente para suportar o desgaste de uma ruptura com o presidente, e Alckmin é um candidato natural à reeleição na posição de vice, caso Lula concorra novamente. Já os governadores, por mais que se distanciem de Bolsonaro na conduta e no estilo, não são apenas aliados, fazem parte de seu núcleo.

Mas há um grau de incerteza em relação a uma oitava candidatura presidencial de Lula em 2026, ocasião em que terá 81 anos. No caso de Bolsonaro, a dúvida maior é se continuará elegível com 16 processos que podem tirá-lo das próximas eleições presidenciais.

“É mais provável uma substituição do que uma quebra de polarização, uma vez que o sistema partidário no Brasil levou a uma dizimação do centro”, comentou o cientista político Antônio Lavareda, do Ipespe. Ele lembra que os partidos de centro caíram de 28% em 2002 para 7% no ano passado. “A partir deste centro esvaziado projetar uma candidatura é difícil”, afirmou.

A demanda no eleitorado por uma candidatura de centro ficou patente em um levantamento do Ipec, divulgado pelo jornal “O Globo” e finalizado em 6 de março. De acordo com este levantamento, 39% dos pesquisados concordavam totalmente com a frase “eu gostaria que o Brasil tivesse uma terceira via para evitar a polarização política do país”. Outros 18% sinalizaram que concordam em parte.

Mauricio Moura, economista que colabora com o Ideia, instituto de pesquisa, aponta que o pouco tempo transcorrido depois da eleição mais polarizada da história brasileira é um dos motivos para a ausência de opções para atender a demanda do eleitorado por uma terceira via. “Quem tem recall sai com uma grande vantagem e quebrar isso é um desafio. Acredito que um candidato com o sobrenome Bolsonaro, seja quem for, teria 20% das intenções de voto como ponto de partida”, exemplificou.

Segundo Moura, Bolsonaro tem um eleitorado consolidado que interdita caminhos para quem se pretende opção à polarização.

No caso de Lula, a aliança de centro-esquerda que sustentou sua vitória pode se desagregar com mais facilidade caso ele não possa concorrer.

“É mais fácil a terceira via crescer sobre o eleitorado do Lula do que o do Bolsonaro”, pontua o cientista político Carlos Melo, do Insper, que faz um juízo bastante severo sobre o centro: “A terceira via precisa dizer a que veio. O PSDB na Câmara está votando com o Bolsonaro e tem apenas 14 deputados e três senadores. Não tem um rosto que expresse uma linha política para o futuro”, diz.

O presidente nacional do PSDB é o governador gaúcho Eduardo Leite, que superou Edegar Pretto (PT) no primeiro turno por uma margem de 0,04% e ficou em segundo lugar, atrás do bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL). No segundo turno, conseguiu agregar a esquerda, manter o centro e bateu Lorenzoni por 57,1% a 42,9%.

Valor Econômico