Candidatos a prefeito de SP já têm marqueteiros

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Foto: Infoglobo

A contratação de serviços de comunicação e marketing político por aspirantes à prefeitura de São Paulo já no início deste ano antecipou o clima eleitoral na maior cidade do país. Os movimentos começaram com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca se viabilizar na disputa pela reeleição, e têm continuidade com seus rivais Ricardo Salles (PL), pelo bolsonarismo, e Tabata Amaral (PSB), pela centro-esquerda.

Principal rival de Nunes à direita, Salles contratou há um mês Pablo Nobel, que atuou na campanha vitoriosa de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo paulista. O marqueteiro argentino fundou neste ano uma agência em São Paulo, a PLTK, tendo como sócios veteranos do marketing político como Marcelo Arbex, que trabalhou na campanha de Cláudio Castro (PL) à reeleição no Rio; e Fabio Modena, que atuou na candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência em 2018.

O esforço de Salles em se viabilizar desde já se dá pelo fato de que ele não tem apoio institucional do seu partido, o PL, e ainda encontra obstáculos para aglutinar o bolsonarismo. O presidente municipal da sigla, o vereador Isac Félix, é contrário ao projeto do ex-ministro e trabalha para manter aliança com Nunes. Agora, Salles tenta arregimentar figuras de peso dentro da legenda para dirimir resistências.

Um interlocutor do ex-ministro diz que, após o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro à sua empreitada se tornar público, as articulações começaram a engatinhar. A partir de então, lideranças do grupo de Valdemar Costa Neto, cacique do PL, teriam começado a chamá-lo para conversar.

Em 20 de março, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) levou Salles ao Palácio dos Bandeirantes para um encontro com Tarcísio de Freitas fora da agenda. O governador disse que não apoiaria o bolsonarista, por ora, em razão da relação institucional que tem com Nunes, mas que o campo da direita precisa viabilizar candidatura sob o risco de perder espaço para Guilherme Boulos (PSOL).

Nobel e seus sócios têm vendido a Salles e a futuros candidatos de cidades médias e grandes o conceito de “comunicação permanente”, que tem início antes da pré-campanha e continua em um eventual mandato. No caso de Salles, o objetivo é pontuar bem nas pesquisas e conquistar o apoio de Tarcísio.

— O trabalho com Salles é ajudá-lo a entender que lugar ele ocupa no xadrez eleitoral, auxiliá-lo a construir um tom de voz, dar a ele uma cara diferente. No trato pessoal, Salles é muito gentil e precisa ocupar esse lugar. A imagem de um Salles bélico foi construída — diz Nobel.

Nunes também tem buscado um freio de arrumação no marketing. Recentemente, Felipe Soutello, que vinha prestando consultoria a ele, deixou de fazê-lo. Duda Lima, que trabalhou na campanha de Bolsonaro em 2022, é o nome favorito para substituí-lo, o que poderia sinalizar uma campanha mais à direita. Ainda não há negócio fechado com Lima, apenas tratativas.

Embora digam que Nunes tem se concentrado mais em governar do que a pensar na campanha, aliados admitem que há conversas em andamento e que a ausência de uma marca pessoal é algo que aflige o entorno do prefeito.

Na arena política, pesa a favor do prefeito um amplo arco de alianças que inclui o PSD, partido do atual secretário de Governo de Tarcísio, Gilberto Kassab, e o União Brasil do presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, aliado de primeira hora de Nunes. Detratores, porém, o comparam ao ex-governador Rodrigo Garcia (PSDB), que teve uma aliança similar e não passou ao segundo turno.

Pela centro-esquerda, Tabata Amaral busca apoio político enquanto mantém estratégia de comunicação centrada em redes sociais. Ela destaca o fato de ser a única mulher entre os nomes aventados à prefeitura paulista, e mantém contato estreito com um consultor de comunicação que atuou em sua campanha à reeleição na Câmara, Pedro Saldanha.

Segundo assessores de Tabata, ela passou a adotar a ideia de “comunicação permanente” antes da campanha à reeleição. A profissionalização de seus vídeos está no pacote.

Considerado a principal força à esquerda na disputa do próximo ano, Boulos ainda não estruturou equipe, mas sua expressiva votação para a Câmara (a maior do estado) o coloca em evidência.

Mesmo assim, o deputado do PSOL perdeu oportunidades de se destacar ainda mais: não foi escolhido para ocupar um ministério no governo Lula, e sofreu uma derrota ao ter de abandonar, por pressão do União Brasil, a relatoria da MP de relançamento do Minha Casa Minha Vida.

O Globo