China e Ucrânia iniciam diálogo

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Foto: Genya Savilov e Vladimir Astapkovich/AFP

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O presidente chinês, Xi Jinping, conversou por telefone com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pela primeira vez desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022. A teleconferência aconteceu nesta quarta-feira, 26, a convite do líder ucraniano. A ligação acontece em um momento em que a China tem enfrentado críticas crescentes sobre sua posição na guerra, com a afirmação de neutralidade de Pequim falhando em convencer os governos ocidentais por causa de sua proximidade com a Rússia. Durante a conversa, Xi prometeu cooperação de longo prazo com a Ucrânia e disse que a China enviará seu enviado especial para assuntos da Eurásia à Ucrânia e a “outros países”. “Enviaremos um representante especial do governo chinês, responsável por assuntos euroasiáticos, para visitar a Ucrânia e outros países a fim de manter uma comunicação profunda com todas as partes em busca de uma solução política para a crise ucraniana”, disse a Chancelaria chinesa, em nota. O enviado especial é Li Hui, ex-vice-ministro das Relações Exteriores da China e embaixador chinês em Moscou de 2009 a 2019. Com a visita à Ucrânia, ele seria o oficial chinês do escalão amis alto a pisar em solo ucraniano desde o início da guerra.

Além disso, o presidente chinês também disse que o respeito mútuo pela soberania e integridade territorial é a base política das relações bilaterais. De acordo com a rede estatal CCTV, Xi não mencionou a Rússia, mas pediu mais diálogo no conflito em andamento. Nas redes sociais, o presidente ucraniano esclareceu que a ligação foi “longa e significativa”. “Eu creio que esta ligação, assim como a indicação do embaixador ucraniano para a China, vai dar um ímpeto poderoso ao desenvolvimento das nossas relações bilaterais”, escreveu Zelensky.

O contato entre China e Ucrânia ocorre depois que Xi liderou uma delegação chinesa em uma viagem para Moscou em março. Essa foi a primeira viagem ao exterior desde o início de um terceiro mandato histórico. O presidente chinês busca promover o seu plano de paz de 12 pontos, anunciado no aniversário de um ano da guerra. O plano prevê um cessar-fogo e defende a integridade territorial, mas sem esclarecer o que aconteceria com os territórios ucranianos já anexados pela Rússia. Ele também é criticado pelos líderes ocidentais por favorecer os russos com a suspensão das sanções. Depois do contato com o presidente russo, Vladimir Putin, a China foi pressionada a se conectar com a Ucrânia também para assumir um papel mais ativo na resolução do conflito. Essa necessidade foi defendida por Emmanuel Macron, líder francês, e pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que visitaram juntos a China no início do mês. De acordo com von der Leyen, a reposta de Xi para a proposta na época foi que a ligação poderia acontecer quando “as condições e o tempo fossem adequados”. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, também ressaltou a importância do protagonismo chinês no processo de paz. Durante sua passagem pela China, Lula chegou até a comparar as responsabilidades russas e ucranianas na guerra, o que gerou um mal-estar diplomático com algumas potências ocidentais.

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