Comandante do Exército defenderá legalidade ante Lula
Foto: Leo Pinheiro/Valor
Em sua primeira fala no Dia do Exército, o comandante da Força, o general Tomás Ribeiro Paiva, fará uma profissão de fé na democracia. “Tenhamos fé nos princípios democráticos, na resiliência e solidariedade do povo brasileiro e no valor profissional dos nossos militares, herdeiros dos heróis de Guararapes e fiéis guardiões de nossa soberania”, afirma em sua ordem do dia, que será ouvida hoje em solenidade com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Paiva assumiu o comando do Exército em 21 de janeiro, depois de Lula exonerar o general Júlio César Arruda, que não chegou a completar um mês no cargo.
O presidente resolveu fazer a troca no Exército por ter ficado insatisfeito com a postura dos militares durante os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, em Brasília.
Pelo menos 80 integrantes das Forças Armadas estão sendo ouvidos nos inquéritos conduzidos pelo Supremo Tribunal Federal sobre o episódio.
Também pesou contra Arruda a permanência em postos de comando de antigos auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre eles o coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do presidente, que havia sido designado para assumir o Batalhão de Ação de Comandos, em Goiânia. A nomeação foi revogada por pressão do presidente.
No discurso, Paiva reafirmará ainda a fidelidade da Força à Constituição. Segundo Paiva, os caminhos que o Exército irá seguir são “balizados pelo respeito à população, às instituições e, sobretudo, à Constituição”.
Desde que assumiu, o comandante do Exército tem procurado dar sinais para distensionar a relação entre as Forças Armadas e o governo federal. Um desses sinais, por exemplo, foi não ter feito alusões ao Golpe de 1964 no dia 31 de março, ao contrário do que seus antecessores fizeram durante o governo Bolsonaro.
O restante da ordem do dia de Paiva manterá a tradição para a data, de exaltar a batalha dos Guararapes contra a invasão holandesa, em 1648, considerada um marco fundador do Exército. “Somos hoje mais de duzentos mil homens e mulheres. São jovens de todas as raças e religiões, a maioria voluntária, e origem humilde, que servem a sua Pátria e ajudam as suas famílias”, afirmará o general.