Congresso vai ouvir chefe do GSI sobre alertas de golpismo

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Foto: Reprodução

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general da reserva Gonçalves Dias, deve comparecer nesta quarta-feira à Câmara dos Deputados para falar sobre os alertas de inteligência produzidos sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. A sessão ocorrerá às 14 horas na Comissão de Segurança Pública da Casa Legislativa, que é dominada por deputados bolsonaristas, como general Pazuello (PL-RJ), delegado Ramagem (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

A oposiçaõ ao governo Lula tem utilizado a comissão para emparedar os ministros do governo Lula sobre temas polêmicos. O primeiro foi o ministro da Justiça, Flávio Dino, que foi convocado para se explicar sobre a visita à comunidade do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. O segundo foi o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, que foi questionado sobre a sua posição favorável à descriminalização das drogas.

Nesta quarta, Gonçalves Dias deve ser questionado sobre um relatório sigiloso feito pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), informando que havia uma convocação de caravanas pelo país de “manifestantes com acesso a armas e com a intenção de invadir o Congresso Nacional”. O alerta, que foi feito dois dias antes dos ataques, acrescentava que “outros edifícios na Esplanada dos Ministérios poderiam ser alvo de ações violentas”.

Na época, a Abin era subordinada ao GSI. Posteriormente, o órgão de inteligência foi remanejado para a Casa Civil da Presidência da República em meio a desconfianças do governo Lula. O relatório é uma das principais justificativas levantadas pela oposição até agora para pedir a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista — ação que os aliados de Lula têm tentado desestimular.

O presidente da comissão, deputado Sanderson (PL-RS), afirmou que o general ainda será instado a esclarecer por que o GSI ainda não disponibilizou as imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto no dia dos ataques. Tanto o Supremo Tribunal Federal (STF) quanto o Congresso já o fizeram.

— O tamanho do arquivo não é desculpa. Nós temos instrumentos para obrigar o governo a encaminhar essas imagens — disse ele ao GLOBO.

Diante do perfil pouco político do general, a base do governo Lula está preocupada com o potencial de dano da sabatina de Dias. Conhecido como o “sombra” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gdias — como ele é apelidado — atuou no comando da segurança do presidente entre 2003 e 2009. Na época, aparecia ao lado do presidente em viagens oficiais e pescarias de fim de semana.

Durante a campanha eleitoral, o general voltou a dar apoio à equipe de segurança do petista. A empresa de segurança do militar foi contratada para auxiliar na montagem dos eventos que Lula participou pelo país.

O episódio de 8 de janeiro, no entanto, fez com que o militar da reserva perdesse prestígio perante Lula, segundo um integrante do primeiro escalão do governo. Em sua primeira declaração depois do 8 de janeiro, Dias minimizou essa avaliação interna:

— O problema é de quem fala isso (que a sua atuação passou a ser mal avaliada). Meu cargo sempre esteve à disposição do presidente — disse ele, em 2 de março.

Dias também teve um papel central no planejamento da operação do Exército e da Polícia Federal que prendeu mais de 1.500 pessoas no acampamento golpistas montado em frente ao quartel general do Exército. Ele foi o responsável por intermediar o contato de Lula com o general Gustavo Dutra, que naquela ocasião era chefe do Comando Militar do Planalto. Cabia a Dutra a segurança da área onde se instalou o acampamento.

O GSI tem, entre as suas atribuições, analisar e acompanhar questões com potencial de risco à estabilidade institucional e coordenar ações de defesa dos palácios presidenciais.

O Globo