Embrapa critica ocupações do MST
Foto: Divulgação/MST/
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, repudiou a invasão do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em um terreno de sua propriedade, em Pernambuco. Segundo nota divulgada pelo órgão, a ação “atingiu áreas de preservação da Caatinga, comprometendo a vida de animais ameaçados de extinção”. A postura crítica é um aceno do governo ao movimento ruralista, que vem criticando a falta de um posicionamento de Luiz Inácio Lula da Silva sobre a escala de invasões promovidas pelo MST, chamada de “abril vermelho”.
Na texto publicado em seu site, a Embrapa Semiárido afirma que as terras são produtivas e que tomará as “medidas cabíveis para solucionar a situação”. O posicionamento da empresa é de que as terras são patrimônio do governo brasileiro, produtivas e destinadas ao uso exclusivo da Embrapa Semiárido para o desenvolvimento de pesquisas e geração de tecnologias voltadas à melhoria da qualidade de vida de populações rurais.
“Neste momento, a invasão à área da Embrapa já está trazendo danos à condução de seus trabalhos e ao planejamento da execução de projetos e ações de pesquisa, que incluem parceiros com quem temos estabelecido avanços de cooperação que repercutirão em resultados de alto potencial de adoção junto aos produtores do Semiárido”, afirma o texto.
Desde o início do mês, o MST já ocupou nove fazendas em Pernambuco, incluindo o terreno da Embrapa. As ações no estado causaram apreensão na governadora Raquel Lyra (PSDB), que se reuniu com um grupo de representantes do MST, na noite desta segunda-feira, no Palácio do Campo das Princesas.
— Essa reunião é ponto de partida para o nosso trabalho a ser desenvolvido nos próximos anos. Grande parte do que está sendo reivindicado consta no nosso plano de governo e nosso propósito é conseguir, de maneira coletiva, fazer avanços em Pernambuco. Algumas ações já começaram a ser feitas, como a distribuição de sementes— afirmou a governadora.
As ações em Pernambuco fazem parte da escalada de ocupações inciada no início do mês e que tem sido chamada de “abril vermelho”. Desde o começo das ações, dez propriedades rurais já foram invadidas, sendo as do estado do nordeste e mais uma no Espírito Santo, promovida nesta segunda-feira, em uma área de 11 mil hectares em Aracruz, no Espírito Santo. O local é usado para plantação de eucalipto para a confecção de celulose e a Justiça já determinou a reintegração de posse da área à empresa Suzano Papel e Celulose.
Nesta segunda-feira, o MST iniciou ainda o que chamou de Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária e fez em sedes do Incra em 12 estados. Em Belo Horizonte (MG), São Luis (MA), Fortaleza (PE) e Natal (RN) houveram invasões nas dependências dos prédios. Já em Porto Alegre (RS), foi montada uma vigília no pátio do Instituto. Segundo o MST, as ocupações tinham como objetivo entregar documentos e pedidos de abertura de negociações, mas sem carácter de permanência. Todos os imóveis foram desocupados no decorrer do dia.
As ações foram alvos de críticas de defensores do agronegócio, que cobram um posicionamento de Lula. O deputado federal Pedro Lupion (PP), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária na Câmara. Em suas redes sociais, ele afirmou que há uma leniência por parte do Governo Federal “que não se pronunciou ou tomou qualquer atitude”.
“Um movimento orquestrado, que teve aviso prévio dos crimes dos invasores. É absurda a leniência do governo federal que ainda não se pronunciou ou tomou qualquer atitude contra seus aliados desses movimentos. O que estão esperando? Uma nova guerra no campo?”, escreveu Pedro Lupion