Exército investigou em sigilo acampamento golpista

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Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O Exército se infiltrou no acampamento bolsonarista montado em frente ao QG após a vitória de Lula. Uma operação sigilosa escalou militares à paisana, de diferentes regiões do Brasil, para fazer um raio-x do movimento. Irregularidades foram detectadas, mas nada foi feito.

Militares se passaram por manifestantes e produziram relatórios. Alguns usaram verde e amarelo e deixaram a barba crescer para facilitar a circulação. A missão contou inclusive com militares do Batalhão de Forças Especiais, a tropa de elite do Exército.

Iniciada em na primeira semana de novembro, a força-tarefa foi batizada de “Operação Cristal”. Uma referência à Praça dos Cristais, onde o acampamento foi levantado em Brasília.

Os relatórios apontaram irregularidades. Armas brancas, como facas e facões, eram ostentadas por manifestantes. A operação também detectou a liberação do acesso ao Clube dos Subtenentes e Sargentos do Exército, próximo ao acampamento, para bolsonaristas tomarem banho, irem ao banheiro e beber água. Parentes de militares foram flagrados às dezenas no acampamento.

Apesar de as informações chegarem a oficiais do Exército, nada foi feito para uma desmobilização. A conivência da Polícia do Exército (PE), responsável pela área, chegou a ser contestada internamente. Isso porque, meses antes, a PE pôs fim a acampamentos de moradores de rua que haviam se instalado em trechos do Setor Militar Urbano.

O acanhado aviso do Exército
Já no caso dos manifestantes no QG, até houve iniciativa para desmobilizar o acampamento. Mas de forma um tanto acanhada. No dia 23 de dezembro, um cabo fardado chegou a conversar com manifestantes e a pedir que retornassem para suas casas.

“Solicito que colaborem com a gente, para que seja de forma ordeira, para que todos saiam, não tenha congestionamento. Muita barraca vai precisar de caminhão para ser retirada, então pedimos a colaboração. Todas as barracas não vão poder mais pernoitar aqui. Dia 23 não pode mais permanecer”, disse o jovem militar.

Sozinho, sem respaldo visível de nenhum oficial, o cabo não foi levado a sério e virou piada entre manifestantes.

Metrópoles