Jornalista propõe “cancelar” Twitter por apoiar pervertidos
Imagem: Dado Ruvic/Reuters
Um dos fenômenos sociais mais notáveis dos últimos tempos é a cultura do cancelamento. Com o papel de destaque que as redes sociais assumiram na vida cotidiana, para muita gente um dos castigos mais graves é ser cancelado — isto é, ser rejeitado, ser impedido de interagir com outros perfis. Justa ou injustamente, isso acontece com frequência por causa de questões políticas, culturais, acadêmicas e muitas outras.
Entre os vários motivos para cancelamento, haverá algum mais grave que a leniência do Twitter, essa gigantesca plataforma digital, com a mobilização criminosa de grupos que incentivam, elogiam e comemoram ataques criminosos contra escolas e creches?
Até pouco tempo, essa modalidade contemporânea de barbárie tinha como base de organização principalmente a deep web, espaço subterrâneo da internet a que somente público restrito tinha acesso. Agora, porém, a atividade criminosa está à vista de todos, em postagens no Twitter que têm causado pânico em professores, pais e alunos.
Em reunião realizada ontem com os representantes das plataformas digitais, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse às empresas que essas mensagens deveriam ser excluídas, por motivos óbvios. Como relata a jornalista Julia Duailibi, em seu blog no site G1, a surpreendente resposta da advogada do Twitter foi que um perfil com foto de assassinos de crianças não viola os termos de uso da rede e que não pode ser visto como apologia ao crime.
De tão absurda, a fala espantou até mesmo representantes de outras plataformas.
Flávio Dino e seus auxiliares exibiram perfis com imagens de crianças agredidas, ameaças e músicas enaltecendo ataques a escolas. Em vão.
O ministro respondeu com dureza e avisou que se as mensagens criminosas não forem excluídas vai tomar providências jurídicas.
A atitude é correta, mas diante do comportamento irresponsável do bilionário Elon Musk, proprietário do Twitter, nada indica que vá surtir efeito. Em resposta a cobrança sobre essa excessiva liberalidade, feita por jornalista da britânica BBC, Musk respondeu com um emoji de fezes.
O ricaço parece não temer os juízes e nem os governos de parte nenhuma do mundo. Talvez a única coisa a lhe causar preocupação seja a possibilidade de perder dinheiro.
Sendo assim, diante de atuação tão nociva do Twitter, não caberia a nós, usuários dessa plataforma de rede social, mostrarmos nossa indignação? Haveria motivo mais justo para um cancelamento?
A proposta é controversa, é certo. Há quem duvide se é positivo abandonar plataforma tão perigosa somente aos criminosos e psicopatas. Outros duvidam que seja possível um cancelamento em massa, única forma de criar problemas reais para Musk. Também há argumentações válidas de que a plataforma é geradora de trabalho e serve como apoio para campanhas de benemerência.
É apenas uma ideia para discussão.
Mas, apaguemos ou não o Twitter de nossas vidas, é preciso não esquecer que nesse mesmo espaço em que interagimos com tanta gente – e por onde talvez muitos leitores tenham se conectado com esse artigo —, também circulam criminosos que colocam em risco as crianças brasileiras, sob a aprovação de um sujeito como Elon Musk.
Vale a pena continuar?