MPRJ fica inerte sobre rachadinha do governo do Rio

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Foto: Alziro Xavier/MP-RJ

O esquema de rachadinha que os jornalistas Ruben Berta e Igor Mello trazem à luz em reportagem que o UOL publica hoje impressiona tanto pelo gigantismo quanto pela ousadia. Segundo a matéria, o governo de Claudio Castro (PL) franqueou a candidatos a deputados um projeto de pesquisa da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) que foi usado para distribuição de polpudas bolsas de até R$ 34 mil às vésperas da campanha eleitoral. Boa parte dos beneficiados devolveu mais de 90% do valor recebido. Quase metade dos 92 beneficiários das maiores bolsas sacou um montante de R$ 2,2 milhões nos dois meses anteriores à campanha. Fizeram isso inclusive pagando boletos ou por meio de pix para contas indicadas.

A maior parte dos contemplados não conseguiu explicar aos repórteres se trabalhou, alguns não sabem como seus dados foram parar nas folhas de pagamento e pelo menos um deles admitiu ser fantasma. Muitos recebiam R$ 25 mil e ficavam com apenas R$ 2 mil. Sócios de um clube de tiro, um pastor evangélico e até o presidente do DER-RJ (Departamento de Estradas de Rodagem do RJ) estão entre os bolsistas. Procurada, a Uerj não deu explicações sobre a farra promovida com o dinheiro público. Toda a tramoia acontece diante dos olhos do Ministério Público do Rio (MP-RJ), que até agora não se mexeu para abrir qualquer procedimento criminal. Essa imobilidade não se verifica só agora. Também houve apatia do MP quanto aos indícios de crime mostrados na série de matérias do UOL sobre a Fundação Ceperj, órgão do governo do Rio que criou ao menos 20 mil cargos secretos, cujos escolhidos também sacavam dinheiro na boca do caixa. Nos meses que antecederam a eleição esse tema pegou fogo. Durante a campanha Claudio Castro foi cobrado pelos adversários. Não se tem notícia, porém, de nenhuma investigação consistente surgida por iniciativa do MP. Quem sabe agora, diante da abundância de detalhes sobre as ilegalidades praticadas na distribuição de bolsas da Uerj, os promotores se animem a fustigar o governo estadual. É esta a função do Ministério Público, que já foi bem mais atuante no Rio do que se mostra nos tempos atuais. Se não tiver a instituição nos seus calcanhares, Claudio Castro ou qualquer outro governador se sentirá à vontade para testar os limites da impunidade. A julgar pelo que temos visto em território fluminense, infelizmente essas fronteiras têm-se mostrado bastante elásticas para os políticos que se recusam a cumprir a lei. A missão do Ministério Público é – ou deveria ser – provar justamente o contrário. Que essa tarefa seja cumprida.

Uol