Vem aí documentário sobre pandemia no país

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Foto: Ricky Mastro

Dandara Ferreira ,diretora do filme Meu Nome é Gal, ficção que conta a história do ícone da música brasileira que tem lançamento previsto para setembro de 2023, está trabalhando em uma nova produção: um documentário sobre a condução do então governo de Jair Bolsonaro com a pandemia de Covid-19 no Brasil. A nova produção se chamará De Quem é a Culpa e trabalhará a partir de um fato político que marcou o país: a CPI da Pandemia.

Em entrevista ao Metrópoles, Dandara deu detalhes sobre o documentário, que deve ser lançado no ano que vem, e revelou sua motivação para produzir o material: “A ideia surgiu em 2021, quando começou a CPI da Pandemia, cuja finalidade era investigar as ações e omissões do governo federal frente àquela situação. E eu ali naquela situação, em casa, fiquei muito ligada em tudo que estava acontecendo, até como espectadora, e alimentei o desejo de que fosse feita justiça”.

“Então logo nas primeiras semanas comecei a assistir e pensei: ‘Cara, eu preciso documentar isso. Isso é um documento importante na história do nosso país’, e achei que a forma de contar seria por meio da CPI”, continuou a cineasta.

Dandara também falou sobre as dificuldades que encontrou para produzir o documentário. “Nós estávamos no meio de uma pandemia, eu não podia colocar uma equipe inteira de filmagem em risco, nós ainda não tínhamos vacinação. O acesso ao Senado estava super-restrito, então comecei a instigar amigos e ver como conseguiria chegar nesse lugar”, revelou.

Mesmo com os empecilhos, Dandara conseguiu o acesso ao Senado e começou a produzir o documentário: “Com uma equipe muito enxuta, praticamente era eu e um câmera, a gente fazia tudo ao mesmo tempo”.

Apesar do tema envolver política, a cineasta afirma que a produção é completamente imparcial. “Para mim foi muito difícil acompanhar, porque embora eu tivesse que ficar isenta, era muito difícil ver tudo aquilo que estava acontecendo, os depoimentos, as omissões, ver quantos brasileiros poderiam ter sido salvos se o governo tivesse tido uma ação mais rápida, não estimulasse o tratamento precoce, então era muito difícil estar ali como cidadã, e foi isso que me motivou cada vez mais. Porque pensei: ‘Eu preciso deixar isso registrado na história’”.

Mesmo que a temperatura política do país ainda siga alta, Dandara alega estar preparada lidar com as consequências do filme. “Tenho medo com certeza, mas como Guimarães Rosa diz: ‘O que a vida pede da gente é coragem’, e eu não estou inventando nada. Foi tudo que aconteceu, tudo que foi visto, falado, dito, registrado, então eu só coletei acontecimentos do que a gente viu durante esse período todo da pandemia”.

Cienasta experiente, Dandara não consegiu fugir da emoção ao lidar com tema tão sensível. Afinal, o documentário acompanha uma pandemia que mantou 700 mil pessoas no Brasil e afetou milhões de outras pessoas. Em meio a essa tragédia humanitária, a realizadora não hesita ao comentar a importância de se documentar o fato.

“Um dia foram [entrevistados] os familiares das vítimas. Naquele dia, eu olhei e falei: ‘Ainda bem que eu estou aqui. Ainda bem que estou fazendo esse trabalho, porque é por eles, por todos nós’”, concluiu.

Metrópoles