Zema confessa que caluniou Lula
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) — Foto: Divulgação
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), prestou depoimento à Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (19), para prestar esclarecimentos, atendendo à determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Segundo informação da Rádio Itatiaia, o depoimento durou cerca de dez minutos e se deu de forma tranquila.
Durante a oitiva, o governador disse que não tem informações que possam comprovar que o governo federal tenha feito “vista grossa” sobre os atos anti-democráticos de 8 de janeiro, em Brasília. Ele também afirmou que estranhou a facilidade da invasão.
O governador disse que “faltou empenho” para conter as manifestações antidemocráticas de 8 de janeiro.
“Reforcei mais uma vez o meu repúdio, como já tinha feito em rede social e também em algumas entrevistas, aos atos cometidos no dia 8 de janeiro. E também a necessidade de investigações para se apurar todos os fatos, tudo o que aconteceu naquele dia e que deixou todos nós brasileiros, inclusive eu, perplexos. Como uma manifestação com a quela quantidade de pessoas, previamente anunciada, não foi controlada, não houve nenhum empenho maior no sentido de tolher os manifestantes de agirem?”, questionou o governador, em pronunciamento à imprensa hoje, em Belo Horizonte.
Zema também disse que tem apreço às instituições democráticas e que nunca defendeu o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF). “Nunca disse que um Supremo fechado seria positivo, muito pelo contrário, sempre afirmei a necessidade de termos as instituições funcionando plenamente, como deve ocorrer numa democracia”, disse.
O governador afirmou ainda que o depoimento foi tranquilo e que apenas reforçou o que já tinha falado em suas redes sociais e em entrevistas. “Hora nenhuma quero colocar em xeque as instituições democráticas e também qualquer autoridade. Quero, sim, que seja investigado. Se tem alguém contra a investigação é porque talvez não queira que essa investigação prossiga”, finalizou.
Em uma entrevista à Rádio Gaúcha em 16 de janeiro, Zema afirmou que o governo Lula pode ter feito “vista grossa” para a ação dos golpistas em Brasília.
“Me parece que houve um erro da direita radical, que, lembrando, é uma minoria. E houve um erro também, talvez até proposital, do governo federal que fez vista grossapara que o pior acontecesse e ele se fizesse posteriormente de vítima. É uma suposição. Mas as investigações vão apontar se foi isso”, afirmou o governador na época.
O governador considerou que a reação das forças policiais para conter os atos de vandalismo “foi uma lerdeza gigantesca”. Zema observou que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) “foi previamente comunicado da manifestação e não se mobilizou”.
Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante as eleições, Zema ainda defendeu os bolsonaristas que se manifestavam de forma pacífica e criticou a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Morais de determinar o afastamento do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Ele considerou o afastamento “prematuro, desnecessário e injusto”.
Moraes determinou que o governador prestasse depoimento à Polícia Federal para explicar as suas acusações ao governo federal.
Imagens do circuito interno do Palácio do Planalto, divulgadas pela CNN, mostraram que no momento da invasão à sede do Executivo, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, entrou no gabinete do presidente da República e depois apareceu caminhando no mesmo corredor com alguns invasores.