Brasil começa a fabricar caças suecos

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Foto: SARGENTO MULLER MARIN /FAB

O caça sueco F-39 Gripen E/F começa a ser produzido no Brasil, na fábrica de Gavião Peixoto, no interior de São Paulo, seis meses depois de entrar em operação na Força Aérea Brasileira (FAB). Trata-se da mais moderna aeronave em operação na América Latina, que vai equipar o 1.º Grupo de Defesa Aérea (1.º GDA), localizado em Anápolis (GO). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugura a linha de montagem nesta terça-feira, 9.

A renovação da aviação de caça da FAB é um dos principais projetos estratégicos do Ministério da Defesa. Inicialmente, ele previa a compra e a entrega até 2027 de 36 Gripen por US$ 3,77 bilhões, ou R$ 20 bilhões em valores atuais. Outras quatro aeronaves foram incluídas em 2022 no contrato, totalizando 40 caças que serão produzidos pela Saab em parceria com a Embraer.

A FAB estuda ainda adquirir mais 26 Gripen por meio de um segundo contrato. O desenvolvimento e compra do Gripen é um dos projetos estratégicos do Ministério da Defesa levados para o presidente Lula. A pasta tem argumentado que, apesar das dificuldades fiscais do País, é necessário que seja assegurado o fluxo de recursos para que o projeto se mantenha.

As 15 últimas unidades do primeiro lote de 36 caças serão construídas no Brasil. O acordo para a compra do Gripen prevê a transferência de tecnologia para o Brasil e o treinamento de dois anos para 350 profissionais que vão cuidar da montagem das aeronaves na unidade da Embraer, em Gavião Peixoto.

Ali pilotos de prova da FAB, da Embraer e da Saab executaram ensaios em voo, parte do programa de transferência tecnológica, para que os caças recebessem a licença inicial de operação, antes que eles entrassem em operação na Base Aérea de Anápolis (Baan), onde foram entregues ao 1.º GDA.

O Gripen vai substituir paulatinamente os caças F-5M, de fabricação americana. Esse modelo entrou em serviço no Brasil em 1975 e cuja modernização, executada pela Embraer, terminou em 2020. A nova aeronave deve receber mísseis ar-ar de curto e de longo alcance, mísseis ar-superfície e bombas guiadas por laser ou GPS para emprego contra alvos na terra e no mar. A carga em armamentos externos pode ser de até 7 toneladas.

Em Gavião Peixoto, foi construído em 2016 o Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen (do inglês, Gripen Design and Development Network – GDDN). Trata-se, segundo a Saab, de um “hub de transferência de tecnologia considerado o ponto de integração de empresas, partes governamentais e parceiros envolvidos no programa, especialmente a Embraer”. Atualmente, brasileiros e suecos desenvolvem os modelos E e F do Gripen “em áreas como sistemas veiculares, engenharia aeronáutica, projeto de estruturas, instalação e integração de sistemas, aviônica, interface homem-máquina, integração de armamentos e comunicações”.

Segundo a Saab, o GDDN está conectado de “maneira segura à Saab na Suécia e aos parceiros industriais no Brasil”. Ele conta com simuladores para o desenvolvimento dos caças no Brasil. É ali que funciona o chamado S-Rig, abreviação de Systems-Rig, o primeiro simulador de desenvolvimento do Gripen fora da Suécia. Esse setor dá suporte às atividades do Centro de Ensaios em Voo do Gripen (GFTC), para preparar os pilotos antes dos ensaios em voo.

A Saab construiu em 2018 uma fábrica em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde são produzidos o cone de cauda, os freios aerodinâmicos, a fuselagem traseira e dianteira para o Gripen E da FAB. Ali também está instalado um laboratório de manutenção de equipamentos eletrônicos de alta complexidade. De acordo com a Saab, será nessa unidade que será feita a manutenção dos equipamentos de guerra eletrônica e do radar AESA do Gripen.

O Gripen iniciou os testes em voo supersônico no Brasil em março de 2021. Todos eles são feitos em grandes altitudes, acima de 5 mil metros. A FAB opera hoje quatro F-39 Gripen no 1.º GDA, em Anápolis. Ainda neste mês outras duas aeronaves serão entregues à Força Aérea.

Estadão