Deputado está preocupado com roupas das colegas mulheres
Foto: José Antonio Teixeira / Alesp / Divulgação
O deputado estadual Gil Diniz (PL-SP), um dos maiores aliados de Jair Bolsonaro na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), defendeu regras mais claras sobre as roupas usadas por deputadas da Casa. Segundo ele, enquanto os homens não podem falar em plenário se não estiverem vestindo terno e gravata, as mulheres vão ao parlamento com “roupa de academia e pijama”.
—O regimento diz que os homens não podem subir à tribuna ou entrar no plenário se não estiverem de paletó e gravata. As mulheres, por outro lado, vêm de roupa de academia, pijama — disse Gil, questionando se as diferenças não denotam uma “discriminação positiva” para as mulheres. — Não queria polemizar. Queria disciplinar algo que é básico. O regimento é omisso para as mulheres.
Como mostrou reportagem do g1, um grupo de parlamentares levou a discussão sobre a vestimenta das deputadas em pelo menos dois momentos no último mês. Gil foi um deles. Subiu na tribuna em 25 de abril para questionar sobre o que seria estar “decentemente” trajada, termo usado no regimento.
O artigo 286 do documento que dispõe sobre as regras da assembleia diz que deputadas e deputados deverão comparecer às sessões plenárias da Assembleia Legislativa, bem como às sessões das Comissões Permanentes e Parlamentares de Inquérito, “decentemente trajados, vestindo os parlamentares do sexo masculino terno e gravata”. Fala, ainda, que a deputada ou deputado que descumprir a exigência não poderá permanecer no plenário. Não há, para as mulheres, nenhuma indicação específica.
O deputado do PL argumenta que levou a discussão ao presidente da assembleia, André do Prado (PL), após um “incômodo generalizado” de parlamentares homens e mulheres sobre as roupas usadas especialmente por deputadas de esquerda. Gil chegou a apresentar uma questão de ordem a Do Prado, que respondeu dois dias depois, dizendo que cada deputado sabe o que é adequado para si.
— O maior parlamento não pode ficar com medo de discutir uma coisa tão básica. Não pode exigir de homens uma vestimenta padrão e de deputadas falar que o que elas querem está ótimo. As pessoas têm medo de debater e discutir. Ou cria uma regra ou libera para todo mundo —afirmou ele.