Governo ignora Lira e mantém tática para ter maioria

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Foto: Sérgio Lima/AFP

Numa entrevista recente, o presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que a articulação política do governo Lula, pautada na fidelidade de partidos que receberam ministérios na Esplanada, não daria certo. Para o chefe da Câmara, a antiga lógica de distribuição de recursos a partir de emendas do orçamento — controladas pelo gabinete de Lira — daria mais resultados do que o toma-lá dá-cá de cargos e ministérios. “As emendas resolvem isto sem ser necessário um ministério. Da forma como está, o parlamentar fica com o pires na mão e um ministro, que não recebe votos e não faz concurso, é quem define a destinação de R$ 200 bilhões para municípios do Brasil”, disse Lira ao Globo. Nesta segunda, o ministro Alexandre Padilha avisou que o governo vai começar a cobrar as bancadas partidárias que têm políticos no comando de ministérios. Apesar do que diz Lira, o governo quer mostrar que a antiga forma de garantir apoio no plenário da Câmara ainda é efetiva. A disputa em curso é clara: o governo que recuperar o poder sobre a negociação de votos no Legislativo. Para conseguir este feito, terá que esvaziar o balcão de negociação de votos de Lira, que articula hoje vitórias ou derrotas na Casa. Como articulador político do governo, Padilha precisa, além de muita saliva e paciência, da cooperação da Casa Civil de Rui Costa, que vem travando cargos e outras demandas dos partidos e, com isso, boicotando o trabalho da Secretaria de Governo. Se o governo se entender e começar a pagar o preço exigido pelos deputados — uma triste realidade da política nesses tempos —, pode ser que consiga, de fato, recuperar o poder que o Planalto deu a Lira na gestão de Jair Bolsonaro.

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