Governo usará CPI do Golpe contra a do MST

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Foto: Carl de Souza/AFP

Os operadores de Luiz Inácio Lula da Silva trabalham com duas linhas de ação em relação às CPIs que ameaçam tumultuar ainda mais o ambiente político já conturbado entre o Planalto e o Congresso.

Na comissão que será instalada na quinta-feira (25) para investigar os ataques golpistas de 8 de janeiro, em que Lula tem maioria, a ordem é fazer uma investigação rápida, de preferência concentrada nos financiadores do movimento, e usando material já produzido pelo Supremo e pela Polícia Federal.

A principal orientação, porém, diz respeito ao que não fazer. Lula quer que seus aliados na CPI resistam ao máximo à convocação de militares, sejam eles do governo e da oposição.

Para os aliados de Lula no Congresso, o maior risco da CPI para o governo é criar atritos com a caserna. Hoje vários de seus ministros admitem que o governo resistiu o quanto pôde à criação da CPI por receio da instabilidade política que a exposição dos fardados pode vir a provocar.

Isso não quer dizer, porém, que o governo não pretenda usar as sessões da CPI para fustigar os bolsonaristas, aproveitando a maioria de pelo menos 15 dos 32 integrantes da comissão (9 são da oposição e os outros 8 são considerados independentes).

A ideia dos aliados de Lula é aproveitar as informações vindas do STF e da PF para reforçar o vínculo dos bolsonaristas com os atos golpistas. Mas eles querem fazer isso de forma calculada, de preferência em resposta às pressões que certamente virão de outra CPI – a do MST, em que a maioria é da oposição.

Embora acreditem que o resultado da comissão do golpismo será invariavelmente ruim para os bolsonaristas, os aliados de Lula querem evitar novos episódios como o da revelação dos vídeos do ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, perambulando sem ação em meio aos invasores do Palácio do Planalto.

Foi por causa do vazamento dessas imagens, que tinham sido colocadas em sigilo pelo governo, que a CPI se tornou inevitável. Depois de um esforço considerável para garantir a maioria, portanto, tudo o que os aliados de Lula não querem é mais uma fonte de marolas.

A estratégia ainda vai ser validada nesta terça com o presidente, que está chegando do Japão. Mas se depender do humor de Lula, quanto menos a CPI funcionar, melhor – até mesmo para fustigar a oposição.

O Globo