Inflação argentina chega a 8,4% em um mês

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Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

A Argentina alcançou um novo recorde ao elevar sua taxa de juros para 97%, em resposta à surpreendente inflação de 8,4% registrada em abril, que superou as expectativas tanto do Banco Central quanto do próprio governo. Vale ressaltar que a inflação acumulada nos últimos doze meses está em 108,8%. No final de abril, o Banco Central já havia elevado a taxa de juros de 81% para 91%, atingindo o maior valor em vinte anos e superando até mesmo o recorde registrado durante o governo de Mauricio Macri, que foi de 86% em setembro de 2019. Com a nova taxa de 97%, a Argentina alcança o maior índice da sua história. A ala mais conservadora do governo defendia juros ainda maior, de 110% ao ano. Essa já é considerada uma das políticas econômicas mais extremas desde a chegada ao poder de Alberto Fernández e Cristina Kirchner.

Para controlar a alta dos preços, o governo argentino decidiu zerar a alíquota para os alimentos, eliminando as tarifas de importação de comerciantes. A intenção é que a concorrência entre esses comerciantes resulte em uma limitação do aumento de preços dos alimentos em geral. O governo também reconheceu que está vulnerável a flutuações cambiais e, por isso, permitirá ao Banco Central intervir mais no mercado cambial. Para amenizar o impacto dos aumentos nas taxas de juros, que tornam os empréstimos mais caros, serão reduzidas as taxas do programa de empréstimos parcelados ‘Ahora 12’, e a partir da próxima semana, o financiamento em 12 parcelas será nove pontos percentuais mais baixo. Isso visa incentivar o consumo de produtos nacionais. Estima-se que isso resulte em mais de 5,8 milhões de transações mensais, totalizando mais de 25 bilhões de pesos. Também serão oferecidos reembolsos maiores para o consumo com cartões de débito por setores considerados vulneráveis. Outra estratégia para enfrentar a crise é buscar financiamento em moedas estrangeiras. Essa medida tem como objetivo evitar a diminuição das reservas internacionais. Quando as reservas estão baixas, os agentes econômicos tendem a adquirir moeda estrangeira, principalmente dólares americanos, o que leva à desvalorização do peso argentino em relação a outras moedas. Isso resulta em um aumento nos custos das importações e pressiona a inflação. Para termos de comparação, as reservas da Argentina totalizam 34 bilhões de dólares, enquanto as do Brasil alcançam 346 bilhões de dólares. Em 2 de maio, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o objetivo de obter um aumento no financiamento fornecido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A principal ênfase foi na exportação de produtos e serviços brasileiros para apoiar a construção do gasoduto Néstor Kirchner. O governo argentino tem esperanças de que o Brasil possa financiar a venda de outros produtos para a Argentina, reduzindo assim a dependência de moeda estrangeira.

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