Maioria de Zema no Legislativo é fake

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Foto: Luciano Brew/Agência Enquadrar

Apesar de ter maioria na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o governador Romeu Zema (Novo) vem enfrentando dificuldades em sua articulação política na Casa. Entre os projetos enviados ou desarquivados pelo chefe do Executivo estadual, 72% passam por embates entre deputados e ainda não foram aprovados.

A proposta que extingue o Fórum Universitário Candido Mendes (Fucam), adiada na semana passada por falta de quórum em plenário, é um exemplo. Desde a aprovação da Reforma Administrativa — considerada a maior vitória interna do governo até agora —, Zema voltou os esforços para a aprovação desse projeto de lei. O argumento é que a fundação, cujo objetivo é levar educação básica para o interior do estado, não estaria dando certo. A oposição questiona o motivo da extinção da Fucam e, principalmente, qual programa substituirá a iniciativa.

A primeira derrota de Zema na assembleia mineira veio logo no primeiro dia da nova legislatura. O desejo do governador era que o presidente da Casa fosse Roberto Andrade (Patriota). No entanto, a oposição e a base governista se uniram para eleger Tadeu Martins Leite (MDB), dando um recado de que não aceitariam ser apenas uma instância de homologação.

Oficialmente, o governo tem ao seu lado 57 dos 77 deputados estaduais. No entanto, o bloco de apoio é dividido em duas alas: uma coesa e fiel com 33 parlamentares, e a segunda com 24 cadeiras de nove partidos diferentes. Esta fatia tem posicionamentos múltiplos, o que impõe a necessidade de fazer a “política do varejo”, ou seja, negociações e conversas individuais. Entretanto, apenas três encontros exclusivamente com deputados estaduais foram registrados na agenda oficial de Zema.

Na avaliação do cientista político Cristiano Rodrigues, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), este é um reflexo da falta de tradicionalismo de Zema na política, o que se soma ainda a um crescimento da oposição, de 17 para 20 deputados.

Para aplacar as insatisfações, Zema tem distribuído nomeações no segundo escalão. Os contemplados são ex-deputados estaduais, derrotados nas urnas, que têm ligação política com integrantes da Casa. Até o momento, já ocorreram 11 nomeações.

A deputada Lohanna França (PV), que faz oposição ao governo na Assembleia, afirma que esta distribuição de cargos pode atrapalhar a avaliação popular:

— Zema mudou aquilo que ele chamava de nova política e aderiu à velha. Tem colocado (na estrutura de governo) amigos que perderam a eleição, costurado acordos de poder entre cargos e apoio. A pergunta que fica é: será que o governador teria sido reeleito se tivesse dito que aumentaria o salário em 300% e distribuiria cargos? — questiona.

Além da extinção da Fucam, o governador de Minas prioriza as privatizações. As estatais na mira são as companhias de Saneamento (Copasa), Energética (Cemig), Desenvolvimento Econômico (Codemig) e Gás (Gasmig). As duas primeiras enfrentam resistência até de grande parte da população mineira.

— Passar privatização exige uma transformação na legislação, e ele já percebeu que não tem a quantidade de deputados para isso. Falavam em 57, mas as votações recentes mostram que não há fidelidade. Há um desespero frente às contas do estado, que estão problemáticas, e a melhorias do seu primeiro mandato que já venceram — avaliou o cientista político.

O governo de Minas foi procurado pelo GLOBO, mas não se manifestou.

O Globo