Moro passa recibo de envolvimento em afastamento de juiz da Lava Jato

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Foto: Luis Nova/Folhapress

O senador Sergio Moro (União-PR) e o advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas, tiveram uma discussão em um grupo de WhatsApp após a decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região de suspender o juiz Eduardo Appio, responsável pelos processos remanescentes da Lava Jato.

O bate-boca ocorreu no grupo Pensadores da Justiça, que reúne profissionais e autoridades ligadas ao meio jurídico, como o procurador-geral da República, Augusto Aras, o presidente da OAB, Beto Simonetti, o advogado-geral da União, Jorge Messias, e o ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski, entre outros.

No início da madrugada desta terça-feira (23), Moro compartilhou a decisão do TRF-4 que afastou Appio.

Carvalho rebateu, dizendo que “se realmente houver motivos, o afastamento é muito bem-vindo”.

“Mas em se tratando de um tribunal [TRF-4] que até o presente momento foi conivente, omisso e cúmplice com o maior número de irregularidades da história do nosso sistema de Justiça, a cautela é a melhor recomendação. Sempre é bom prestigiar o benefício da dúvida”, escreveu.

O Prerrogativas, alinhado ao governo Luiz Inácio Lula da Silva, foi um dos maiores críticos da Lava Jato e dos métodos adotados por Moro e o antigo grupo de procuradores da operação.

Moro então compartilhou notícia sobre a gravação de um suposto “trote” passado por Appio no filho do ex-relator da Lava Jato no tribunal Marcelo Malucelli fingindo ser um funcionário da Justiça Federal.

Carvalho novamente rebateu, chamando o senador de “sr. Sergio”. “Este tribunal não é muito católico, não é mesmo? Costumava aplicar regras e entendimentos muito particulares. Acho cedo para comemorar. O mundo não gira, capota”. A referência é ao fato de o TRF-4 ter confirmado a maioria das decisões de Moro durante a Lava Jato.

O ex-juiz retrucou que “ninguém está comemorando infortúnio alheio, mas suas declarações ofensivas ao tribunal”.

Carvalho convidou então Moro para um debate público, e com ironia, sugere que o deputado cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) poderia seria ser o mediador. “Creio que ele terá, em breve, tempo de sobra”.

Procurado, Carvalho confirmou o teor do diálogo e disse achar “vergonhosa e incoerente” a postura do ex-juiz Sergio Moro.

Folha