Provas ligam Bolsonaro a caso Marielle
Foto: Agência Brasil
Investigação da Polícia Federal aponta que o tenente-coronel Mauro Cid — ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro — foi acionado para ajudar o vereador do Rio Marcello Siciliano a ter uma conversa com o cônsul dos Estados Unidos. O intuito do parlamentar era conseguir a liberação do visto americano, que havia sido vetado por seu suposto envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL). Em contrapartida, Siciliano intermediaria o registro forma fraudulenta de doses de vacina contra Covid-19 em nome da mulher de Mauro Cid.
A trama consta no relatório feita pela Polícia Federal no âmbito da operação Venire, deflagrada nesta quarta-feira. O oferta consta em uma conversa interceptada entre Mauro Cid e o militar da reserva Ailton Barros, que foi candidato a deputado estadual. Os dois foram presos preventivamente.
“Ailton Barros solicitou que Mauro Cid intermediasse um encontro de Marcello Siciliano com o Cônsul dos Estados Unidos no Brasil para resolver um problema relacionado ao seu visto de entrada no referido país, devido o envolvimento de seu nome com o caso do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco. Inclusive, em uma das mensagens enviadas a Mauro Cid, Ailton Barros afirma saber quem teria sido o mandante do crime”, diz o relatório da PF.
Na troca de mensagens, Barros diz que Siciliano foi “injustiçado” por ter o “visto cancelado”. De fato, o vereador chegou a ser citado como possível mandante do assassinato de Marielle, mas o Ministério Público e a Polícia Civil do Rio concluíram que ele não teve participação no crime. Por fim, ele não foi indiciado nem denunciado no caso.
Barros afirmou que Siciliano havia sido colocado na história de “bucha” e que ele tinha conhecimento sobre a identidade do mandante do assassinato de Marielle. “Eu sei dessa história da Marielle, toda, irmão. Sei que mandou. Sei a porra toda”, diz ele no áudio de voz enviado a Mauro Cid.
Siciliano foi alvo de mandado de busca e apreensão nesta quarta-feira, assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele teria se oferecido para conseguir os registros da vacina em troca da reunião com o representante dos EUA.
A PF não soube precisar se houve realmente o encontro do vereador com o cônsul americano, mas o fato é que Mauro Cid conseguiu o certificado de vacinação dele, da esposa e da filha. A mulher do tenente-coronel tinha uma viagem marcada para os Estados Unidos e precisava do documento para entrar no país.
Os investigadores suspeitam que o ex-ajudante de ordens também atuou para inserir dados falsos na carteira de vacinação de Bolsonaro e sua família.