PSB votou contra o governo no marco do saneamento

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Foto: Alexandre Cassiano/Agência O Globo

Um dos três governadores do PSB, Renato Casagrande, do Espírito Santo, engrossa a fileira de aliados do Palácio do Planalto que apontam problemas de articulação para justificar a derrota sofrida na Câmara na votação do marco do saneamento. Partido do vice-presidente Geraldo Alckmin e responsável por três ministérios na Esplanada, a legenda contribuiu com três votos, ou um quarto da bancada, para derrubar o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o tema, no começo de maio.

— No caso do marco do saneamento, faltaram conversas anteriores, faltou uma articulação mais forte para chamar de fato o partido para uma reflexão — aponta Casagrande. — Temos alinhamento de votar com o governo nas matérias discutidas com o PSB. Não pode chegar matéria lá que o PSB não tenha conhecimento.

O governador participou de evento do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) para discutir pontos da reforma tributária e apresentar propostas ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). O encontro, realizado nesta sexta-feira no Palácio Guanabara, também contou com a participação do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), do secretário extraordinário de Reforma Tributária, Bernardo Appy, e dos deputados federais Reginaldo Lopes (PT-MG), coordenador do Grupo de Trabalho sobre a reforma, e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), relator da proposta.

Os desencontros com a bancada pessebista também se destacam na articulação pela derrubada de outro decreto de Lula, que retomou a exigência de visto para turistas da Austrália, Estados Unidos, Canadá e Japão entrarem no Brasil. Por trás da investida, está o deputado Felipe Carreras (PE), líder do partido na Câmara, que reuniu as assinaturas dos colegas Altineu Côrtes (PL-RJ), um dos principais líderes da oposição na Casa, e Fernando Marangoni (União-SP).

No entanto, o governante do Espírito Santo defende que as divergências entre a bancada pessebista na Câmara e o governo devem ser resolvidas para as próximas votações de importância para o Executivo, como a aprovação do texto do arcabouço fiscal, tema prioritário do Palácio do Planalto. Essa sinalização já foi observada esta semana, quando os parlamentares aprovaram a urgência da tramitação do tema na Casa — os 13 deputados do PSB votaram com o governo.

O PSB, que abriga importantes figuras do alto escalão do governo Lula, poderá receber o líder do governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues, que anunciou a saída do Rede Sustentabilidade nesta quinta-feira. O movimento, que estaria sendo articulado há meses, foi oficializado após desentendimentos com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, sobre a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas.

A legenda já procurou o parlamentar para discutir uma possível filiação, segundo Casagrande, mas Randolfe ainda não bateu o martelo sobre a mudança de partido.

— Ele está refletindo, ainda, mas o PSB já fez uma conversa com ele. Ele mesmo já conversou com o partido lá atrás, mas a decisão é dele. Se desejar vir para o partido, será muito bem recebido — diz.

O Globo