Roberto Jefferson pagava hotel com dinheiro público

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Foto: Reprodução

O endereço atual do notório Roberto Jefferson é o presídio de Bangu 8, no Rio de Janeiro. Mas por muito tempo, o manda-chuva do PTB que virou um dos expoentes do bolsonarismo radical manteve um canto em Brasília à custa de uma razoável quantia de dinheiro público. E os gastos eram permanentes, incluindo até os períodos em que ele, como agora, esteve bem longe da cidade.

É o que mostra a prestação de contas da legenda referente ao ano de 2017, que só agora foi analisada pelo Tribunal Superior Eleitoral, o TSE (sim, sob a alegação de que faltam funcionários, a Corte tem concluído a avaliação das contas partidárias com um atraso impressionante de cinco anos).

A documentação apresentada pelo PTB mostra que, naquele ano, incluindo taxas e despesas extras, o partido gastou nada menos que R$ 160 mil para manter um quarto à disposição de Jefferson no antigo Hotel Nacional de Brasília, onde o cacique petebista gostava de ficar. O estabelecimento, um dos mais tradicionais da cidade, fechou as portas em 2020, no meio da pandemia.

O partido gastava independentemente de Jefferson estar ou não em Brasília. A conta integral, claro, foi espetada no bolso do contribuinte – no seu bolso, portanto –, de onde saem os recursos que bancam o fundo partidário.

Com (bastante) atraso, a despesa foi considerada irregular pelo TSE, que ao analisar o papelório apresentado pelo PTB lembrou que Roberto Jefferson, embora fosse “mensalista” no Hotel Nacional, não morava em Brasília e vivia viajando pelo país afora.

A fatura de Jefferson, por sinal, é só uma parte do que o partido pagou ao estabelecimento. Somando hospedagens de outros dirigentes do PTB, o hotel recebeu, ao todo, quase R$ 390 mil. Como não houve, por óbvio, comprovação de que todas as diárias pagas ao longo do ano foram efetivamente usadas, o tribunal determinou a devolução dos recursos.

Ao todo, por todas as despesas consideradas irregulares em 2017, incluindo as hospedagens fantasmas de Jefferson, o PTB foi condenado a devolver R$ 3,2 milhões e a pagar, ainda, uma multa de 12% sobre esse valor.

O partido não foi o único a tomar bomba na avaliação das contas. Das 35 legendas existentes em 2017, 19 tiveram suas contas reprovadas pelo TSE. As contas das outras 16 receberam o selo de aprovadas, mas com ressalvas.

Só que tudo deverá ser resolvido muito em breve, num passe de mágica, porque o Congresso Nacional se prepara para aprovar uma proposta de emenda constitucional perdoando – sim, perdoando – todas as irregularidades constatadas, cuja soma ultrapassa a casa dos R$ 40 milhões.

A chamada PEC da Anistia conta com o apoio do governo e da oposição. O primeiro passo para aprová-la deve ser dado nesta terça-feira, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

Se tudo correr como o esperado, os políticos mais uma vez vão decidir em benefício próprio e perdoar os desvios. Pior para você, que, como sempre, paga a conta.

Metrópoles