Sob Bolsonaro, PCC invadiu território yanomami

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Foto: PRF/Divulgação

A intervenção do governo federal na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, completa cem dias neste domingo, 21, e conseguiu expulsar boa parte dos invasores da área. O problema, porém, parece estar longe de acabar, como mostra reportagem publicada na edição de VEJA desta semana. A tentativa de retirada de garimpeiros do território agora envolve também uma luta contra o crime organizado. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal investigam a atuação do PCC, facção criminosa de origem paulista, em várias atividades na região. No território indígena, a facção tem o controle de maquinários utilizados no garimpo ilegal, promove lavagem de dinheiro por meio do ouro, atua na segurança privada de garimpos e até de empresários do setor. A falange criminosa também administra casas de prostituição na região, as chamadas currutelas, e pontos de venda de drogas. A atuação da facção criminosa na região rendeu alguns neologismos, como a expressão “garimpeiros faccionados” ou o termo “narcogarimpo”. O interesse desses grupos não está, claro, só no lucro das atividades em torno do garimpo. Um ponto central é a consolidação de rotas de drogas na fronteira. O comércio de skank, um tipo de maconha mais forte (e mais cara), produzida na Colômbia e vendida principalmente no Sudeste, é algo importante para o PCC, de origem paulista, e para a organização fluminense Comando Vermelho, que também atua na região. Segundo o pesquisador Rodrigo Chagas, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, há indícios de que o PCC chegou a Roraima pouco depois de 2014, após transferências em presídios, mas ainda disputava espaço com outras organizações criminosas como Comando Vermelho e Família do Norte. Aos poucos, conseguiu espaço. “O PCC mantém uma hegemonia política e de poder na região. O CV atua basicamente na logística, utilizando as pistas de pouso do lado de fora do garimpo, nos municípios de Alto Alegre e Mucajaí”, explica.

Como mostrou a reportagem de VEJA, no intervalo de uma semana, catorze pessoas foram mortas no território ianomâmi. No dia 29 de abril, três indígenas foram baleados por garimpeiros na comunidade Uxiú — o agente de saúde Ilson Xirixana não resistiu. No dia seguinte, quatro garimpeiros foram mortos ao tentar emboscar uma aeronave que desembarcava agentes da Polícia Rodoviária Federal e do Ibama. Um deles era Sandro Moraes de Carvalho, de 29 anos, um dos líderes do PCC na região. Dois dias depois, as forças de segurança encontraram oito corpos de garimpeiros. Por fim, foi localizado o cadáver de uma mulher, com sinais de enforcamento, no dia 6, na mesma região.

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