Violência fecha escolas às dezenas no país
Foto: Paulo Calvacanti
Você já ouviu falar do Ciep Rubem Braga, em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio? Pois em 2022, a unidade de ensino teve de fechar as portas, veja só, 13 vezes durante o ano letivo (com 200 dias no total), em função da violência. O número foi obtido graças à Lei de Acesso à Informação.
“Passamos a normalizar a violência. Você passar na rua e a cada 200 metros enxergar alguém na esquina com armamento pesado. É uma Bagdá permanente”, lamenta Paulo Coutinho, 62 anos, professor de História no CIEP Rubem Braga há oito, antes de lamentar pela piora da situação:
“Tenho medo quando tem operação policial. Agora em 2023, segundo o meu calendário escolar, já são 14 dias sem aulas em função da violência. De todo o primeiro bimestre, não tivemos aulas em 50% do tempo”.
O Ciep em Senador Camará é apenas a ponta do iceberg. No ano passado, 40 escolas estaduais tiveram de fechar as portas no mínimo um dia por causa da violência. O número é o dobro do registrado em 2019 (19), ano anterior à pandemia. Dos 200 dias letivos de 2022, em 81, ao menos uma escola ficou fechada no estado do Rio.
No total, 21.713 alunos perderam aulas ou tiveram que paralisar os estudos em função de confrontos nas proximidades. Outros 1.728 servidores estão na linha de frente do problema, tentando oferecer perspectivas de um futuro a alunos no meio do fogo cruzado.
“Exigimos que a Secretaria costure junto as forças de segurança uma política que assegure o direito constitucional de crianças, jovens e adultos acessarem o espaço escolar de forma regular”, pontua Helenita Beserra, coordenadora geral do Sindicato dos Profissionais da Educação do Rio.
Procurada, a SEEDUC informou que “está sendo criada a ferramenta Registro de Violência Escolar, para mapear os casos de violência nos colégios”. A secretaria também ressaltou que “mantém diálogo constante com as forças policiais” e que está “ampliando o intercâmbio de informações”.