8 de janeiro começou antes da eleição de 2022
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Previsto para a terça-feira, o primeiro depoimento da CPI do 8 de Janeiro no Congresso, do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, tem sido considerado um ponto de partida na retrospectiva da tentativa de golpe no país.
Para a relatora da CPI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), os ataques aos prédios dos Três Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro são o ato final da tentativa malsucedida de depor o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ela, a mobilização teve início no segundo turno das eleições do ano passado.
Na tentativa de construir uma linha do tempo para apresentar o que chamam de “roteiro do golpe”, os governistas querem que Vasques explique as ações da PRF no dia da votação.
O ex-diretor coordenou a Polícia Federal Rodoviária durante os bloqueios ocorridos nas estradas durante o dia 30 de outubro. Há um inquérito aberto pela Polícia Federal contra ele por conta do comportamento da PRF durante as eleições. Há suspeitas que bloqueios em rodovias tenham sido feitos com o objetivo de prejudicar eleitores de Lula.
A investigação foi solicitada pelo Ministério Público Federal com o objetivo de apurar dois fatos. O primeiro é a responsabilidade de Vasques na realização de blitz da PRF no dia da eleição. A PF vai apurar se o diretor-geral da corporação descumpriu decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que havia proibido a realização de operações policiais relacionadas ao transporte de eleitores no dia do pleito.
Além disso, a PF investiga se Vasques praticou omissão em relação aos bloqueios de rodovias feitos por manifestantes bolsonaristas em protesto ao resultado da eleição.
De acordo com o pedido de abertura da investigação feito pelo Ministério Público Federal, os fatos poderiam configurar crimes de prevaricação ou participação, por omissão, nos crimes contra o estado democrático.
Na CPI, os governistas vão tentar explorar essas questões e questionar a proximidade de Vasques com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ainda também na reunião dessa terça-feira, o presidente da CPI, deputado Arthur Maia (União-BA) quer pautar a convocação do general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, barrado pelos governistas na última sessão.
Maia é próximo ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e tem sinalizado ora ao governo, ora à oposição.