Bolsonaristas não responderam Censo do IBGE
Foto: Ronny Santos/Folhapress
As cidades eleitoras do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) responderam menos ao Censo do que as cidades eleitoras do presidente Lula (PT). A taxa média de não resposta é de 2,3% nos municípios em que Bolsonaro venceu no segundo turno, contra 1,4% nos que elegeram o petista.
Em 11 de 13 estados que puderam ter as cidades comparadas de forma equivalente, a média de abstenção foi maior em cidades bolsonaristas, segundo análise da Folha.
No geral, a taxa de não resposta aos recenseadores foi de 4,23% no país, com maior abstenção em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os municípios com maior taxa de recusa são paulistas e paranaenses.
De modo absoluto, 2,2 milhões de domicílios em estados que elegeram o ex-presidente não responderam o Censo, contra 829 mil domicílios de estados eleitores do petista.
Entre cidades eleitoras de Bolsonaro com altas taxas de abstenção nos domicílios estão Santa Isabel (SP), 17,3%, Santana de Parnaíba (SP), 16,7%, Arujá (SP), 15%, Ribeirão Preto (SP), 14,3%, Tibagi (PR), 10,8%, e Cocalinho (MT), 9,1%.
Considerando estados com ao menos dez cidades que elegeram Lula, dez cidades que elegeram Bolsonaro e que podem ser comparadas por terem renda municipal semelhante, a média de abstenção foi maior em municípios bolsonaristas de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pará, Goiás, Santa Catarina, Tocantins, Espírito Santo, Minas Gerais, Alagoas e Rio Grande do Sul, que quase empatou.
Somente no Rio de Janeiro e em São Paulo, os municípios que votaram em Lula registraram taxas mais altas de abstenção.
A maior parcela da população que não respondeu ao Censo de 2022 se concentrou em áreas de maior renda, segundo o presidente interino do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Cimar Azeredo, em entrevista na quarta (28). Uma das hipóteses é que existe um pensamento entre classes mais abastadas de que o “censo não importa”.