Bolsonaro deixou gado tomando chuva em evento no RS
Foto: Diego Nuñez
A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (Alers) recebe, nesta sexta-feira, um evento com participação de Jair Bolsonaro. O encontro do PL local com o ex-presidente é aberto ao público em geral, mas tem como prioridade convidados do partido, que já lotam o auditório. Por isso, alguns apoiadores do ex-chefe do Executivo não conseguiram ingressar na Casa.
Do lado de fora, em frente ao prédio, um grupo com cerca de 20 bolsonaristas reuniu-se ao lado de um telão, que transmitirá o evento. Eles chegaram a reclamar com os seguranças por não terem o acesso ao prédio autorizado. “Ficamos na chuva”, lamentaram.
Segundo os organizadores, 130 comitivas municipais do PL gaúcho estão presentes. Bolsonaro subiu ao palco por volta das 10h30, sob aplausos efusivos da plateia e gritos de “mito”. “É o capitão do povo”, diz um painel por trás dos integrantes da mesa. Antes, o ex-presidente reuniu-se com o deputado Vilmar Zanchin (MDB), presidente da Alers.
Bolsonaro chegou a Porto Alegre nesta quinta-feira, em meio ao primeiro dia do julgamento que pode torná-lo inelegível no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na capital gaúcha, ele visitou a Transposul, uma feira de transporte e logística da região Sul.
Horas após a interrupção do julgamento no TSE, que só será retomado na próxima semana, Bolsonaro conversou com jornalistas e negou ter efeito ataques ao sistema eleitoral durante uma reunião com embaixadores no ano passado, quando ainda chefiava o Planalto. O encontro com diplomatas pauta a ação contra o ex-presidente na Corte eleitoral.
— Naquela reunião com embaixadores, falei sobre nosso sistema eleitoral. Ninguém atacou o sistema eleitoral, falei da realidade do sistema. A política externa é privativa do presidente da República. O que falamos ali foi uma resposta àquilo que o senhor Edson Fachin (então presidente do TSE) fez dois meses antes, reunido também com embaixadores. (A reunião com embaixadores) foi na minha residência oficial. Dissertei sobre como é o sistema eleitoral brasileiro. Sabemos que nenhum país evoluído usa nosso sistema eleitoral — argumentou.
Bolsonaro também disse que nunca viu a minuta golpista encontrada na casa de Anderson Torres, seu ex-ministro da Justiça. Ele alegou que “não tomou conhecimento” do documento, já que recebe “muitos papéis”:
— Não tomei conhecimento dela. O próprio Anderson Torres falou que não sabia como aquilo estava com ele. Eu mesmo, aqui (na Transposul), recebi muitos papéis. Quando se fala em minuta de golpe, seria um decreto de Estado de Defesa. Eu pergunto, foi assinada alguma coisa? Esse remédio, a defesa, o Estado de Sítio, intervenção federal, (artigo) 142, GLO, tudo é previsto na Constituição e na legislação brasileira. Não existe golpe com respaldo jurídico e constitucional. Golpe é algo violento, se faz por meio da força. Não se faz golpe num domingo. Estão inventando um golpe em cima de um pedaço de papel que não tem assinatura.