Bolsonaro volta a mentir sobre ação no TSE

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Marlene Bergamo/Folhapress

Na véspera de ser banido das eleições por oito anos, Jair Bolsonaro postou mensagens a seus seguidores nas redes sociais distorcendo a razão pela qual caminha para ser condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Ele sabe que a inelegibilidade é inevitável, por isso tenta reforçar sua imagem como vítima de complô. Usou um velho conhecido seu: o voto impresso. Em uma postagem na noite desta quarta (28), o ex-presidente disse que está sendo acusado de abuso de poder político por defender a impressão de comprovantes de votação em uma reunião com embaixadores estrangeiros no dia 18 de julho do ano passado. Para mostrar que está sendo vítima de um exagero resgatou um vídeo de 2017 em que já defendia o tema em entrevista à TV Bandeirantes

Conversa para boi dormir. A causa da denúncia de abuso de poder político é que ele gastou ilegalmente recursos públicos para organizar um evento de campanha eleitoral no Palácio do Alvorada e transmiti-lo por uma TV pública. E usando sua força como presidente, convocou embaixadores estrangeiros para reforçar servir de plateia para um ataque sem provas à Justiça Eleitoral, acusando-a de estar mancomunada com Lula. Horas antes, na mesma quarta, Bolsonaro já havia investido na mesma estratégia, postando um outro vídeo, em que o presidente do PDT, Carlos Lupi, defendia o voto impresso. “No dia de ontem, 27 de junho, o senhor ministro Benedito Gonçalves, relator, deu o seu voto pela minha inelegibilidade por oito anos, sob a acusação de abuso de poder político numa reunião com embaixadores. Agora, o autor da ação é o senhor Carlos Lupi, presidente do PDT e atual ministro da Previdência Social do Lula. Veja o que ele disse há poucos meses sobre esse mesmo assunto”, disse Bolsonaro. A questão é que o PDT não moveu uma ação contra Bolsonaro por ele defender o voto impresso, tampouco o ex-presidente está sendo julgado por isso, mas por (vamos lá novamente) atacar o sistema eleitoral sem provas e usar recursos públicos para um evento de campanha. O ministro Benedito Gonçalves mostrou como isso fazia parte de algo maior, ou seja, uma tentativa de golpe de Estado. É uma falácia bem infantil a que Bolsonaro está usando, mas costuma pegar desavisados. Ele desvia o foco da acusação real apresentando e, depois, martelando um elemento que não tem nada a ver com a história. Com isso, o voto impresso, que não é protagonista da ação no TSE, agora está na boca do (seu) povo. Aproveitando que se trata de um julgamento complexo, ele diz e repete que pode vir a ser condenado por um outro motivo que não o real. Como esse motivo falso é simples de ser compreendido, e já é conhecida por seus seguidores, a narrativa acaba sendo assumida como verdadeira. Como a manutenção de poder depende da perspectiva futura de poder, algo que Bolsonaro perderá significativamente hoje, a sua preocupação neste momento é manter o máximo de seu capital político. Para tanto, depende que seus seguidores fanáticos acreditem que foi injustiçado por defender algo em que eles acreditam. Funciona? Não vai constranger os outros ministros que vão torna-lo inelegível na manhã desta quinta (29). Mas em grupos bolsonaristas no Telegram e no WhatsApp já circulam mensagens de que o ex-presidente vai ser injustamente sacrificado porque corajosamente defendeu o voto impresso contra as conspirações comunistas em nome de Deus, da família e dos patriotas brasileiros.

Uol