Cúpula do Exército quer Braga Netto longe da política

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Foto: Tomáz Silva/Agência Brasil

Integrantes do Alto Comando do Exército informaram ao general e ex-ministro da Defesa Walter Braga Neto que a Força não gostaria de vê-lo como candidato a prefeito do Rio de Janeiro em 2024. Candidato a vice-presidente nas eleições de 2022 pela chapa de Jair Bolsonaro, Braga Netto está sendo julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral pela participação no ato em que então presidente da República, Jair Bolsonaro, convocou embaixadores para uma exposição de ataques às urnas eletrônicas do Brasil.

É provável que o cabeça da chapa seja tornado inelegível, mas não o vice. Sua possível candidatura a prefeito está sendo trabalhada pelo presidente nacional de seu partido, Valdemar Costa Neto, e pelo ex-presidente da República Jair Bolsonaro. O grande temor do comando do Exército é que o apoio das milícias fluminenses a candidatos ligados ao bolsonarismo no Rio acabe contaminando a imagem do Exército. Há vários agravantes apontados contra a candidatura do general. O primeiro deles é a avaliação de que o envolvimento de comandantes das três Forças com o governo Bolsonaro prejudicou a imagem dos militares. É preciso um período de distância da política para recuperação do bom conceito das tropas junto à população, avaliam os generais. O desgaste na imagem dos militares aumentou com as descobertas recentes sobre o apoio de oficiais da ativa e da reserva, por ação e omissão, às articulações do ex-presidente da República contra o estado democrático. O desgaste foi aumentado com a exposição dada pela CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Investigação) do Congresso atos golpistas do dia 8 de janeiro. As trocas de mensagens e documentos revelados pelas buscas e apreensões da Polícia Federal e os depoimentos na CPMI estão deixando os generais do Alto Comando simplesmente envergonhados. O último depoimento, do coronel Jean Lawand, foi considerado um desastre. Foi primeira vez em que se viu um coronel da ativa ser chamado publicamente de mentiroso e covarde em uma comissão do Congresso, sem poder reagir, tão gritantes são as evidências contra ele. O segundo motivo apontado para Braga Netto não ser candidato a prefeito do Rio é o fato de o general ter sido comandante da intervenção militar na área de segurança do estado, entre fevereiro de 2018 a janeiro de 2019. A operação não deu certo. Resultou na diminuição de assaltos a veículos e cargas, assim como de mortes violentas, se comparado ao ano anterior. Mas praticamente todos os índices de violência ficaram acima da média histórica entre 2008 e 2018. O pior é que as milícias, apontadas como uma das principais causas do problema no Estado, não foram desarticuladas. E houve um aumento recorde de 36,1% de mortes através de agentes de segurança, sendo que as polícias estaduais, sob o comando do interventor, eram acusadas de envolvimento com a milícia. Segundo generais do Alto Comando avisaram a Braga Netto, seria uma tragédia para a imagem dos militares verem os milicianos poupados na intervenção apoiarem a candidatura a prefeito do general que chefiou a operação. Outro agravante contra a candidatura de Braga Netto é o fato de ele estar filiado ao PL e, se concorrer, contar com o apoio de Valdemar Costa Netto, considerado na caserna como um símbolo da corrupção na política devido à sua condenação pelo envolvimento no escândalo do Mensalão.

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