DER paulista tem novas denúncias de corrupção

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Foto: Reprodução

Uma empreiteira aberta em 2020 por um indicado político na Prefeitura de São Paulo teve uma ascensão meteórica após assinar contratos emergenciais (sem licitação) com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), órgão estadual responsável por obras em rodovias, durante os governos de João Doria e Rodrigo Garcia (PSDB).

Entre março e maio deste ano, a Rep Engenharia e Serviços Ltda. elevou seu capital de R$ 500 mil para R$ 12,5 milhões, segundo registros da Junta Comercial de São Paulo. O aumento de 2.400% ocorreu depois que a empreiteira assinou ao menos 18 contratos com o DER para obras de emergência em estradas, como o Metrópoles revelou no ano passado.

As contratações emergenciais do DER são objeto de investigação do Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Os três primeiros contratos sem licitação foram assinados em novembro de 2020, dez meses após a abertura da empresa. Desde então, a Rep Engenharia já recebeu R$ 131,3 milhões do DER, a maioria dos recursos por meio das contratações emergenciais, quando o próprio órgão contratante escolhe o fornecedor de forma direta, sem concorrência, para executar uma obra considerada urgente.

Os negócios ocorreram no período em que o DER esteve sob influência política do presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União). O sócio-administrador da Rep Engenharia é o engenheiro Rudolph Terzian, que desde 2018 é gerente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), outro órgão sob influência de Milton Leite. A empreiteira tem outros quatro sócios, entre eles Renan Dias Doria, dono de uma pequena farmácia na cidade de Avaré, no interior paulista.

A empreiteira foi um dos alvos de questionamentos feitos por deputados estaduais o atual superintendente do DER, Sergio Codelo, em uma audiência realizada nessa quarta-feira (14/6), na Comissão de Transportes Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

Com carreira no Exército e passagem pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no governo de Jair Bolsonaro (PL), Codelo foi nomeado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) com a missão de fazer uma pente-fino nos contratos emergenciais do DER.

Aos deputados, ele disse que está levantando internamente as justificativas apresentadas para cada uma das contratações emergenciais feitas no governo do PSDB, afirmou que nenhuma das empresas suspeitas foram contratadas pela atual gestão e enfatizou que os contratos estão sob investigação do Ministério Público. “Não estou interferindo em nenhum tipo de investigação”, disse.

O advogado da Rep Engenharia, Rubens Alves, afirmou ao Metrópoles que o crescimento da empresa não é decorrente apenas dos contratos assinados de forma emergencial com o DER, mas também por causa de serviços prestados a outros clientes públicos. “A origem do patrimônio é trabalho”, disse.

“Patrimônio líquido é quando a empresa tem um lucro, nenhum sócio precisa aportar, o sócio não retira o dinheiro e deixa na empresa e, por isso, aumenta o capital. É simples”, afirmou o advogado. “A empresa não tem contrato só com o governo do Estado. Tem contratos em todos os sentidos, todos os órgãos”, completou.

O advogado afirma ainda que os contratos de emergência com o DER foram assinados porque a empreiteira teve “coragem” de assumir compromissos em condições adversas.

“O que é uma emergência? O DER escolhe três, quatro, cinco empresas capazes e que tenham coragem de trabalhar três, quatro meses sem ter o contrato assinado e sem receber um centavo. Tem de pagar do bolso. Por isso, chama-se emergência. Não é contrato sem licitação, chama-se emergencial”, disse.

Alves afirmou inda que a Rep Engenharia não cometeu nenhuma ilegalidade e que a empresa foi investigada pelo Ministério Público, apresentou explicações e seu inquérito foi arquivado.

Metrópoles