Pacheco garante aprovação rápida de Zanin

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 Foto: Rafael Luz/STJ

Indicado na semana passada pelo presidente Lula (PT), o advogado Cristiano Zanin ainda tem um caminho pela frente até ser nomeado ministro do STF (Supremo Tribunal Federal). Embora corriqueiro, o beija-mão aos senadores que antecede a sabatina na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) é cheio de regras não escritas — mas fundamentais para garantir a aprovação dos parlamentares. A sabatina ainda não foi agendada, mas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que ela não vai demorar. Quem precisa marcar a data é o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (União Brasil-SP). Pacheco afirmou que o colega vai dar prioridade ao assunto. Depois da sabatina, Zanin terá o nome submetido a votação na CCJ e, em seguida, no plenário do Senado. Senadores governistas querem que a sabatina aconteça na próxima semana, para garantir que seja realizada antes do recesso do julho. Caso contrário, ficará para agosto. Recentemente, senadores usaram a indicação de André Mendonça ao STF como forma de pressionar o governo Jair Bolsonaro (PL). Foram cinco meses entre indicação e a posse no cargo.

Mesmo sem data certa para a sabatina, Zanin já começou a conversar com senadores. Ele tem preferido reuniões informais, como almoços e jantares na casa de políticos. O advogado não revela com quem já se encontrou desde a indicação. Quando começar a andar publicamente pelo Senado, o advogado precisa seguir uma ordem nas visitas, conforme o protocolo extraoficial das sabatinas na Casa. Primeiro, é preciso falar com o presidente do Senado. Em seguida, com o presidente da CCJ. Depois, com os integrantes da CCJ. Por fim, com líderes dos partidos e com os demais senadores. O périplo termina somente no dia da votação em plenário. O mais indicado, segundo fontes do Senado, é que as conversas sejam pessoais e agendadas por uma pessoa que trabalhe com o indicado. Não é considerado de bom tom que algum político faça a triangulação nas conversas. Nesses encontros, o candidato ao Supremo deve entregar o currículo impresso ao senador e tentar, durante a conversa, angariar apoio nas votações. Um dos momentos mais aguardados é o encontro de Zanin com o senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Na Lava Jato, o advogado e o ex-juiz se notabilizaram como adversários. Zanin defendia Lula e Moro o condenou. A expectativa é que o ex-juiz faça as perguntas mais duras da sabatina. O mais comum é que o candidato a ministro do STF contrate uma assessoria de imagem para treinar como vai falar com os senadores e como vai se portar na sabatina. Zanin ainda não tomou essa providência – embora já tenha assessoria de imprensa, que também pode realizar essa função. Um conselho que costuma ser dado por empresas de assessoria de imagem é que o indicado ande pelo Senado com poucas pessoas de sua confiança, e não com um séquito de políticos. E que leve consigo apenas os currículos, para serem entregues em mãos. Para realizar esse trabalho, o indicado ao STF costuma montar uma base de apoio no gabinete da liderança do governo no Senado, hoje comandada por Jaques Wagner (PT-BA). A base de Zanin ainda não foi montada, mas o trabalho de convencimento dos senadores deve ser intensificado nesta semana.

Uol