Partidos ‘bolsonaristas’ ajudaram mais Lula que União

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Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

Responsável por indicar três ministros para o governo Lula, incluindo dois dos ministros mais questionados da Esplanada dos Ministérios, o União Brasil está entregando menos votos ao Palácio do Planalto na Câmara dos Deputados do que partidos como PP e Republicanos, aponta levantamento feito pelo GLOBO.

O índice de adesão de obediência do União Brasil às orientações do governo é de 54%. Em comparação, o PP, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira, tem índice de 56% e o Republicanos, 58%. Esses dois partidos, oficialmente, não fazem parte da base aliada, já que não têm nenhum representante no ministério do governo petista.

Outros partidos com representantes no governo, MDB e PSD, tem demonstrado mais obediência: os deputados do MDB votaram com o governo 69% das vezes e os do PSD, 72%. Assim como o União Brasil, o MDB e o PSD também indicaram três ministros na formação do gabinete de Lula.

Esse índice leva em conta todas as votações em que o governo orientou seus integrantes no plenário da Câmara. Os dados apontam que, como previsto durante a formação de governo, o partido não conseguiria entregar uma aliança completa com o governo, já que a sigla conta com parlamentares historicamente contrários ao PT, como Kim Kataguiri, o que mais votou contra a orientação do governo no União Brasil. Mas junto com ele estão outros parlamentares como Alfredo Gaspar, Fabio Schiochet, Rodrigo Valadares e Rosângela Moro.

No início do governo, as lideranças do Palácio do Planalto tinham esperanças muito maiores em relação à fidelidade dessas siglas. Líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues chegou a dizer que esperava uma fidelidade de 80% dos deputados do União Brasil. No caso de PSD e MDB, a fidelidade esperada era de 80% a 90%.

Esse número está perto para o PSD, mas, como o GLOBO mostrou nesta quarta-feira, ela não vem acontecendo em votações prioritárias. Considerando apenas as votações da derrubada dos decretos do Marco do Saneamento, a votação do marco temporal e o requerimento de urgência do PL das Fake News, o PSD deu apenas 34% de seus votos, enquanto o MDB deu 32%. A situação do União Brasil é ainda mais preocupante: nesses três projetos, o índice de adesão foi de 14%.

Na votação da MP dos Ministérios nesta quarta-feira, novamente, o União Brasil foi menos fiel ao governo do que até mesmo outros partidos que não fazem parte oficialmente da base aliada, como o PP e o Republicanos. Ao todo, 30% dos deputados do União (15 dos 50 que votaram) que participaram da votação se posicionaram contra o governo. No PP, 20% votaram contra o governo (9 dos 41 deputados) e no Republicanos, de 18% (o equivalente a 7 dos 38 deputados).

Ironicamente, o presidente da União Brasil, Luciano Bivar, tem um índice de obediência de 100%: nas 19 votações em que participou e que o governo orientou, votou junto com o governo nas 19 vezes. Bivar, entretanto, só esteve presente em uma das votações mais relevantes, a do PL das Fake News. Ele esteve ausente das votações do marco temporal e da derrubada dos decretos do Marco do Saneamento.

No MDB, a maior fidelidade fica por conta da deputada Elcione Barbalho. Não por acaso, a parlamentar tem uma ligação sanguínea com o governo Lula: ela é a mãe do ministro das Cidades, Jader Filho, e foi esposa do senador Jader Barbalho (MDB-PA). Entretanto, alguns parlamentares alinhados ao bolsonarismo tem uma votação que indica que provavelmente sempre podem contar como um voto contra o governo, como é o caso de Osmar Terra (MDB-RS), que só votou da mesma forma que o governo em 2 de 31 votações (6%).

No PSD, o deputado mais fiel ao governo é Antônio Brito (PSD-BA), seguido por Sidney Leite (PSD-AM). Brito é o líder do partido na Câmara, o que explica o fato do partido ser, entre os três, o mais fiel ao governo. Brito tem uma postura próxima ao PT desde a transição, quando integrou o conselho político do presidente como representante da sigla.

Por outro lado, o PSD também tem entre seus deputados alguns parlamentares reconhecidos pelo seu alinhamento ao antipetismo, como Sargento Fahur (PSD-PR). Ele votou da mesma forma que o governo em apenas 15% das votações analisadas.

O Globo