Planalto anuncia continuação de ministra do Turismo
Foto: Sérgio Lima/AFP
Pressionado pelo União Brasil a trocar o nome do partido no Ministério do Turismo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu dar uma sobrevida a Daniela Carneiro na pasta após reunião nesta terça-feira. A Secretaria de Comunicação Social da Presidência afirmou que os dois conversaram sobre a “situação política” durante o encontro e que Daniela participará da reunião ministerial marcada para a quinta-feira. Na prática, significa que ela fica no cargo ao menos até lá.
Ainda pela manhã, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho (Republicanos-RJ), se encontrou com o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) no Palácio do Planalto. Waguinho é aliado de Lula e marido de Daniela. O risco de demissão da ministra tensionou a relação de Lula com o aliado.
Nos últimos dias, o União Brasil intensificou as cobranças pela demissão de Daniela, que pediu para deixar a sigla. A bancada do partido na Câmara trabalha para manter o controle sobre a pasta, alçando ao posto outro deputado da legenda, Celso Sabino (União-PA).
Após a informação do Palácio do Planalto, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, indicou que, embora a troca não tenha sido oficializada, trata-se de questão de tempo. Ele afirmou ao GLOBO que que o problema envolvendo Daniela Carneiro é de “representação política” e que o governo tentará uma saída que “conforte todo mundo”.
— O problema é que a representação política no governo é uma representação de cada partido e outras são indicação de escolha do próprio presidente. A Daniela, está como representante do União Brasil. Houve um rompimento com o União Brasil — afirmou, completando: — Então, não se trata como se fosse qualquer pessoa. É uma pessoa que tem o carinho e o apreço do presidente. Portanto, ele vai tentar encontrar uma saída que dê conforta todo mundo.
A campanha pela troca do comando da pasta ganhou tração após uma ofensiva protagonizada pelo prefeito de Belford Roxo, Waguinho, marido de Daniela, para mantê-la no cargo, o que incluiu críticas a dirigentes da legenda e ao parlamentar cotado para substituí-la.
O movimento dele tensionou ainda mais o ambiente com os homens de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A provável troca foi tratada objetivamente ontem pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, após uma reunião entre ele e o presidente. O responsável pela articulação política disse que o União Brasil pediu a reavaliação da presença no primeiro escalão.
— O presidente Lula nos pediu para conduzir esse debate com o União Brasil. Governo é igual a um rali. De vez em quando, você tem que trocar um motorista, um pneu. Isso é absolutamente natural — disse Padilha ontem, pontuando que “não está em questão a qualidade de nenhum ministro”.
Como o GLOBO mostrou, em meios às dificuldades da articulação política do Planalto, o governo avançou com o União Brasil na negociação para a troca da ministra do Turismo pelo deputado Celso Sabino, ambos representantes do partido. Sem entregar votos no Congresso e de saída da legenda, ela pode, nos próximos dias, dar lugar ao aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
No seu grupo político, Daniela é tratada como escolha pessoal do presidente Lula, pois abriu palanque ao petista na Baixada Fluminense durante a campanha ao lado do marido, Waguinho, prefeito de Belford Roxo.