Torres e Heleno terão que se explicar na CPI do Golpe

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Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Com 285 requerimentos na pauta do dia, a CPI do 8 de Janeiro se reúne nesta terça-feira e define quem serão os primeiros personagens a serem ouvidos pelos parlamentares. Deputados e senadores também vão votar quais documentos e quebras de sigilo serão solicitados às autoridades nesse começo de investigação.

Para um pedido ser aprovado, ele precisa ter o apoio da maioria dos parlamentares presentes no colegiado, que tem 16 deputados e 16 senadores titulares, com maioria da base do governo. A mesa da CPI pode decidir votar vários documentos de uma vez só, em bloco, caso não haja objeção dos participantes, o que deve acontecer com os pedidos de informações.

As primeiras convocações na pauta definida pelo presidente da CPI, deputado Arthur Maia (União-BA), tratam sobre Anderson Torres. O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal é considerado peça-chave para explicar a “escalada golpista” que antecedeu os atentados contra as sedes dos três Poderes em 8 de janeiro.

Torres ocupava o posto quando extremistas invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Ele passou mais de cem dias preso, mas foi solto em maio por uma decisão do ministro Alexandre de Moraes. Os integrantes da base de Lula também pretendem esmiuçar o papel do ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro no processo eleitoral, com enfoque no uso político da Polícia Rodoviária Federal para tumultuar a votação de eleitores em regiões predominantemente petistas.

Há, entre os requerimentos da CPI, pedidos de quebra de sigilo telefônico e bancário do ex-secretário. Essas solicitações, porém, não foram pautadas para a sessão desta terça.

Como alvo da oposição, o general da reserva Marco Edson Gonçalves Dias, conhecido como GDias, é outro que poderá ser convocado amanhã. GDias é considerado um personagem crucial nas investigações e tem sido o alvo preferido de críticas de suposta negligência do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas invasões aos prédios públicos ocorridas no 8 de janeiro. O general foi demitido do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) após a divulgação de vídeos que o mostram interagindo pacificamente com invasores do Palácio do Planalto naquele dia. Como mostrou O GLOBO, a possibilidade de acesso a relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) também vem preocupando o Planalto.

Apesar da pauta definida pelo presidente da CPI, a base do governo, maioria no colegiado, quer pressionar para iniciar o debate pela quebra de sigilo do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, principalmente, os dados extraídos do telefone dele pela Polícia Federal.

—Queremos a quebra de sigilo e a convocação dele já amanhã—afirmou o deputado Rogério Correia (PT-MG).

Tenente-coronel e filho de general, Mauro Cid é ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) — função de assistência direta, inclusive para assuntos de natureza pessoal. Na investigação feita pela Polícia Federal no telefone dele foram encontradas conversas com pessoas ligadas a ele e ao ex-presidente Bolsonaro sobre tratativas e tramas para inviabilizar a posse do então candidato Lula e manter Jair Bolsonaro no poder.

A PF encontrou no celular a minuta de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e alguns “estudos” que, segundo os investigadores, eram destinados a dar suporte a um eventual golpe de estado.

O Globo