Zanin deve ter mais de 50 votos no Senado
Foto: noticas24horas
Indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o advogado Cristiano Zanin será sabatinado nesta quarta-feira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A expectativa é que, em seguida, seu nome seja submetido ao plenário e receba o aval da maioria dos 81 senadores.
Parlamentares da base do governo estimam que ele terá entre 50 a 60 votos. A torcida é para que o seu nome receba mais apoio que os dois indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): Kassio Nunes Marques (57 votos) e André Mendonça (47 votos).
Zanin foi indicado por Lula para a vaga de Ricardo Lewandowski em 1º de junho. Nas últimas semanas, o advogado deu início a um périplo pelo Senado em busca de votos, incluindo os da oposição. O cálculo é que ele teria se encontrado com ao menos 70 parlamentares.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que havia uma “expectativa bem encaminhada” pela aprovação no nome indicado por Lula.
O corpo a corpo das últimas semanas incluiu jantares oferecido por parlamentares e até um almoço com a bancada evangélica. Depois do encontro que aconteceu na Assembleia de Deus de Madureira, em Brasília, a ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF) chegou a fazer elogios públicos ao advogado.
Zanin também focou em reuniões individuais com nomes ligados ao bolsonarismo, como o senador Rogério Marinho (PL-RN), que também foi ministro do governo passado.
Publicamente, Bolsonaro evitou fazer críticas à escolha do petista e disse que indicação de Zanin para a Suprema Corte era uma prerrogativa do presidente da República. O PL, partido do ex-presidente, inclusive, decidiu liberar os seus filiados para votar favoravelmente ao nome indicado Lula no plenário.
Na CCJ, o relator da indicação de Zanin é o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB). Em seu relatório, ele apontou que o advogado cumpria os requisitos constitucionais exigidos para a vaga, que é ter idade entre 35 e 70 anos, notório saber jurídico e reputação ilibada.
Na sabatina, Zanin deverá ficar cara a cara com o senador Sergio Moro (União-PR), algoz de Lula na Operação Lava-Jato e um dos poucos parlamentares com quem o advogado não se encontrou nas suas andanças pelo Congresso.
Interlocutores do ex-juiz, porém, dizem que ele deve fazer perguntas, mas não partir para o ataque. A expectativa, segundo uma fonte, é que Moro questione Zanin de forma “firme e respeitosa”. A avaliação, contudo, é que não é do perfil do ex-magistrado partir para o ataque ou apelar para “baixarias”.
Zanin foi o autor do pedido que levou o STF a decretar a suspeição de Moro nos julgamentos de Lula, em 2021. Foi também a partir da atuação do advogado que o petista conseguiu anular os processos da Lava-Jato e recuperar os direitos políticos para disputar a eleição de 2022.
Preso pela operação, Lula usou como critério para a sua escolha para o STF um nome que fosse da sua estrita confiança. Aos 47 anos, se tiver o nome aprovado pelo Senado, Zanin poderá atuar por pelo menos 28 anos como ministro da Corte.