Apoio de Bolsonaro deve “queimar” Tarcísio

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Foto: Veja

Diante da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, sacramentada pelo Tribunal Superior Eleitoral na última sexta-feira, 30, o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), passou a ocupar uma posição privilegiada para se tornar o “herdeiro” do capitão, como mostra reportagem de VEJA desta semana. No campo da política nacional, onde Tarcísio se projeta manejando o vistoso segundo maior orçamento do país, superado somente pelo da União, uma eventual articulação nacional de seu nome demandará alinhamentos com diversos caciques partidários, sobretudo ao centro. Embora sempre tratem com muito tato da possibilidade de o ex-presidente ficar de fora das eleições, mesmo diante de sua condenação no TSE, aliados de Bolsonaro no campo mais moderado veem com bons olhos uma postulação do governador paulista. “Política tem fila e o governador de São Paulo sempre está em primeiro lugar, por conta do tamanho do estado”, diz o presidente do PP e ex-ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, senador Ciro Nogueira (PI). Para Nogueira, Tarcísio não teria dificuldades em aglutinar em torno de si siglas como Republicanos, PP, PSD, PL, União Brasil e parte do MDB. “O que sobra para Lula e a esquerda?”, provoca o cacique piauiense. Entre aliados do ex-presidente, não faltam avaliações apontando um caminho promissor ao governador paulista, elaboradas a partir da análise da estreita margem pela qual Lula venceu Bolsonaro na eleição presidencial de 2022. Por esta lógica, se o capitão, do alto de sua rejeição, perdeu por pouco a reeleição, um candidato conservador que conseguir atrair eleitores de centro tende a ser muito forte no enfrentamento com o PT em 2026, mesmo com a possibilidade de o petista concorrer a um novo mandato. Um dos que pensam deste modo é o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Recentemente, Lira declarou que a inelegibilidade de Bolsonaro, confirmada desde já, favoreceria o fortalecimento de candidaturas como as de Tarcísio ao longo de três anos. “O voto que precisamos conquistar é o do centro, então deve-se manter um discurso de centro, que vai atrair a maioria das pessoas”, avalia Ciro Nogueira. Diante de outros postulantes a “herdeiro” dos votos bolsonaristas, como o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), aliados do ex-presidente veem o governador paulista com vantagem, sobretudo pela identificação mais imediata e próxima com Jair Bolsonaro em razão de sua atuação como ministro. “Tarcísio teria a vantagem de conseguir agregar 100% dos votos de Bolsonaro e também votos de centro. Zema, por exemplo, teria mais dificuldade, porque os bolsonaristas não o enxergam como sucessor de Bolsonaro”, avalia o deputado Capitão Augusto (SP), um dos vice-presidentes do PL, partido do ex-presidente. Ainda no PL, no entanto, a tumultuada relação entre Tarcísio e o mandachuva Valdemar Costa Neto num passado não tão distante é frequentemente lembrada. Os dois se estranhavam à época em que o governador atuou como dirigente do DNIT, área de influência de Valdemar no Ministério dos Transportes do governo Dilma Rousseff. Interlocutores de Tarcísio afirmam que estas diferenças pesaram, e muito, em sua opção por filiar-se ao Republicanos, e não ao partido de Valdemar. Entre aliados de Tarcísio, como o secretário de Governo de sua gestão, Gilberto Kassab, predomina a cautela a respeito de uma candidatura presidencial. Presidente do PSD, Kassab não esconde em conversas com políticos próximos que deseja ver Tarcísio buscar a reeleição para consolidar um projeto político no estado mais rico do país. “Quando o momento chegar, ele poderá fazer uma análise do cenário, da situação política que o país e o estado vivem, mas o foco tem sido 100% em construir um legado no estado, com concessões e privatizações”, diz o vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth (PSD). A proximidade com o cacique pessedista também é vista com reservas no entorno de Bolsonaro. “Ele está sob as rédeas de Kassab”, diz um assessor do ex-presidente. Assim, a mesma fonte aventa alternativas, a exemplo de uma chapa que unisse a senadora Tereza Cristina (PP-MS) e Michelle Bolsonaro, uma expoente do agro a uma evangélica de relevo, como a “união de bandeiras que elegeram Bolsonaro em 2018”.

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