Barraco bolsonarista no WhatsApp migra para as redes
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Além de protagonizarem uma discussão acalorada no grupo de WhatsApp do partido, ao menos dez deputados do PL criticaram abertamente nas redes sociais os colegas de bancada que votaram a favor da Reforma Tributária. Na última quinta-feira, quando a proposta foi aprovada na Câmara dos Deputados, vinte correligionários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contrariaram a orientação da sigla e apoiaram o texto — e quatro deles utilizaram seus canais oficiais para justificar o voto. Os dados são de um levantamento do GLOBO que mapeou o Instagram e o Twitter dos 99 parlamentares do PL até as 17h desta segunda-feira.
Desde que a medida foi aprovada em plenário, a ala mais ligada a Bolsonaro tem demonstrado incômodo. Pouco mais da metade da bancada (51 deputados) apenas fez postagens contrárias à reforma, sem citar a suposta “traição”, mas dez parlamentares optaram por apontar publicamente os dedos para os colegas.
Eleito por São Paulo, Marco Feliciano foi um dos primeiros a se manifestar, ainda na sexta-feira. Em postagem no Instagram, o pastor publicou um vídeo em que afirmou que a votação foi uma chance de conhecer “oportunistas e os traidores”.
— Os oportunistas simplesmente não respeitam a dor de 58 milhões de brasileiros que ainda estão sofrendo e seis dias depois da cassação (a inelegibilidade de Bolsonaro no TSE) se sentam à mesa com aqueles que foram responsáveis pela cassação. Pra quê? Para negociar a salvadora reforma? São insensíveis, de memória curta, que não eram nada até Bolsonaro e agora sentam primeiro com os algozes, fazem acordos e só depois vêm comunicar o líder — afirmou o pastor.
Delegado Paulo Bilynskyj (SP) e o ex-ministro do Meio-Ambiente Ricardo Salles (SP) acompanharam o posicionamento de Feliciano. Bilynskyj questionou: “Quem vota contra (o partido) é o quê?”. Já Salles insinuou que os deputados teriam sido comprados pelas emendas, disparadas pelo governo no dia e às vésperas da votação.
Gilvan da Federal (ES) foi o parlamentar mais incisivo em seu pronunciamento. Nas redes, divulgou a relação dos vinte nomes e chamou os deputados de “traidores”, “Judas” e “melancias”.
“Vergonha, imoral ver deputados do PL votando junto com PT e PSOL, e o que é pior, votando contra o povo brasileiro. Não contem comigo para defender traidores, Judas, melancias. Repudio a forma como votaram esses 20 deputados do PL , os 36 do Republicanos e os 40 deputados do PP. Vergonha”, disse Gilvan.
Entre os vinte deputados que contrariaram a orientação do partido, quatro prestaram contas das motivações de seus votos nas redes sociais, todas no campo econômico: Rosângela Reis (MG), Samuel Viana (MG), Vinicius Gurgel (AP) e Zé Vitor (MG). Os dois últimos apenas celebraram a aprovação da reforma e restringiram comentários nas postagens.
Rosângela Reis, que participou de eventos de campanha no ano passado com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, afirmou que apoiou o texto no intuito de atrair investimentos para o país e destacou pontos positivos como a ampliação da imunidade tributária para as igrejas.
“Reconheço que o texto da reforma não é perfeito e que poderia haver melhorias, mas entendo que é um passo importante para simplificar o sistema tributário e promover o desenvolvimento econômico do país”, disse a parlamentar.
Já Viana, que pertence à Frente Parlamentar da Agropecuária, destacou os pontos que tratam do setor. “Não caia em narrativas ideológicas sobre a Reforma Tributária”, finalizou.
Veja os deputados do PL que votaram a favor da Reforma Tributária:
Antonio Carlos Rodrigues (SP)
Detinha (MA)
Giacobo (PR)
Icaro de Valmir (SE)
João Carlos Bacelar (BA)
João Maia (RN)
Josimar Maranhãozinho (MA)
Junior Lourenço (MA)
Júnior Mano (CE)
Luciano Vieira (RJ)
Luiz Carlos Motta (SP)
Matheus Noronha (CE)
Robinson Faria (RN)
Rosângela Reis (MG)
Samuel Viana (MG)
Tiririca (SP)
Vermelho (PR)
Vinicius Gurgel (AP)
Wellington Roberto (PB)
Zé Vitor (MG)