Centrão indicará ministros ‘próximos’ ao PT

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Foto; MARYANNA OLIVEIRA/CÂMARA DOS DEPUTADOS

Novo aliado do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Centrão deve indicar nas próximas semanas os nomes que representarão o grupo na Esplanada dos Ministérios. Apesar de o bloco ser heterogêneo e ter, inclusive, bolsonaristas em suas fileiras, os indicados que começam a ganhar força nos bastidores são velhos conhecidos dos petistas. A lista de desejos do bloco político inclui, por exemplo, o comando da Caixa Econômica Federal, que hoje está sob o comando da presidente Rita Serrano. Para o lugar dela, quem está despontando nos bastidores é Gilberto Occhi (PP). Ele é conhecido por ter sido ministro da Integração Nacional durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Pesa a favor de Occhi o fato de ele também já ter sido presidente da Caixa, na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB). A substituição do comando do banco não se deve apenas por conta do acordo entre o presidente Lula e o Centrão. O Valor apurou que um dos motivos para o Palácio do Planalto considerar a demissão de Rita é que ela não estaria agradando. Há algumas semanas, o governo teve de desmentir que a Caixa passaria a cobrar taxas sobre as transações de Pix Pessoa Física. O anúncio gerou mal-estar já que, segundo interlocutores, a medida teria sido tomada sem nenhum tipo de consulta à Presidência da República e ao Ministério da Fazenda. Outro cargo cobiçado pelo Centrão é o de ministro do Desenvolvimento Social, pasta que hoje está sob o comando de Wellington Dias (PT). O ex-governador do Piauí é mais um que está sendo alvo de reclamações dentro da cúpula do governo e, por isso, pode dar lugar ao deputado federal André Fufuca (PP-MA), cujo nome vem sendo ventilado nos corredores do Planalto. Fufuca é líder do PP na Câmara e um antigo aliado do atual ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB). Um dos possíveis quadros do Centrão que também ganhou força nos últimos dias é o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE). O parlamentar está sendo cogitado para assumir o Ministério dos Esportes, no lugar de Ana Moser. O deputado é filho de um antigo aliado do PT, o ex-deputado Silvio Costa, que se notabilizou por trabalhar contra o impeachment de Dilma, em 2016. Nessa terça-feira, Ana Moser esteve reunida com o presidente da República no Palácio do Planalto. A jornalistas, ela negou que o assunto do encontro tenha sido sua eventual demissão do ministério. “A questão política é dada”, admitiu. “Mas não entrou na nossa pauta. Não teve nenhuma indicação nesse sentido. Segundo ele [Lula], está me dando bastante trabalho, o que vai demorar algum tempo para eu cumprir”, defendeu a ministra. As conversas iniciais apontam ainda que o Centrão deve ter como “porta de entrada” a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), órgão ligado ao Ministério da Saúde. Neste caso, ainda não há um nome preferencial. Isso porque a ideia é que o Centrão apresente um indicado de “consenso” e com “verniz técnico”. Nessa terça-feira, o governo costurou um acordo para apresentar, nos próximos dias, um decreto para reestruturar o órgão. A ideia é que a fundação seja “mais enxuta” e “eficiente”, segundo parlamentares envolvidos na negociação.

Valor Econômico