Deputadas do PSOL peitam fascistas na CPI do MST
Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Mais uma sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foi marcada pelo bate-boca entre parlamentares da esquerda e da direita. A confusão, ontem, começou após uma fala da deputada Fernanda Melchionna (PSol-RS), em que chamou o relator do colegiado, Ricardo Salles (PL-SP) de “chorume do bolsonarismo”.
“Eu não vou chamar a CPI de circo porque tenho respeito aos palhaços. O que vemos aqui é o pior do chorume do bolsonarismo querendo criminalizar um dos principais movimentos sociais da América Latina e do Brasil”, discursou a deputada. “O chorume desse genocida segue nessa comissão, seja na relatoria de alguém que é investigado por madeira ilegal…”, disse. Nesse momento, a deputada foi interrompida pela presidência do colegiado.
No mês passado, Ricardo Salles se tornou alvo de investigação da Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência da República devido à exploração ilegal de madeiras quando era ministro do Meio Ambiente do governo de Jair Bolsonaro (PL).
Em outro momento tumultuado, o deputado General Girão (PL-RN) teve a fala interrompida pela deputada Sâmia Bomfim (PSol-SP). O presidente do colegiado, Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS) repreendeu a atitude da parlamentar: “Nós respeitamos o tempo de fala, então, eu peço… Se a senhora quiser agredir, use suas redes sociais. Mas agora respeitem o Parlamento, respeitem o Parlamento”, disse a Sâmia e a Melchionna.
Ricardo Salles, por sua vez, pediu à secretaria da Mesa que destacasse o trecho das notas taquigráficas, com os ataques de Melchionna. “Para que os membros dessa comissão em conjunto representem essa atitude, dessa, deputada, que todas as vezes que a deputada fala, ela quer se vitimizar nessa comissão dizendo que é interrompida”, criticou. Segundo apurou o Correio, uma representação na comissão de Ética da Casa será protocolada nos próximos dias pelos parlamentares contra a deputada Sâmia Bonfim.
O deputado General Girão endossou as palavras do ex-ministro do Meio Ambiente: “É o típico caso que a polícia legislativa tem que ser chamada”, e defendeu a retirada de plenário das parlamentares. “É um instrumento do regimento que infelizmente temos que usar”.
Ao todo, 21 pedidos de informação e de convite para comparecimento ao colegiado foram aprovados em bloco. Essa foi a última reunião da CPI antes do recesso parlamentar que se inicia no próximo dia 17.
Foram convidados Joviniano José Rodrigues e Noemia José dos Santos, casal de assentados da área 3, na fazenda Palmeiras, no estado de Goiás. “Fico feliz que o requerimento tenha sido aprovado. Ao longo desses dois meses, temos recebido inúmeras denúncias, relatos e testemunhas de pessoas que conseguiram se libertar da posição de refém desse grupo terrorista. Dentre esses relatos esse foi um que me chamou muita atenção”, detalhou o deputado Gustavo Gayer (PL-GO).
Além do casal, os integrantes da CPI aprovaram convites para o deputado estadual do Mato Grosso, Gilberto Cattani, para explanar seu ponto de vista sobre a questão fundiária. Também foi aprovado o convite para o Coronel Paulo José Reis de Azevedo Coutinho, comandante da Polícia Militar do Estado da Bahia, a fim de prestar informações relativas a invasões de terra no estado.
No âmbito dos pedidos de informações, foi aprovado um requerimento do deputado Kim Kataguiri (União-SP) que solicita informações à empresa Suzano sobre fatos relacionados às invasões de terras promovidas pelo MST em propriedades da empresa localizadas nos estados da Bahia e Espírito Santo. O deputado também requisitou à prefeitura de Juiz de Fora (MG), a cópia integral do procedimento que levou à aquisição de arroz orgânico do MST pelo preço acima do valor de mercado — caso relatado em audiência da comissão.
Na última terça-feira a CPI aprovou a convocação do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, para prestar depoimento no colegiado. Em outra votação, os integrantes retiraram da pauta o pedido de convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Essa é a segunda vez que a articulação dos deputados da base evita a convocação de Costa. Segundo o presidente da CPI, Tenente Coronel Zucco, o requerimento de convocação do ministro deve ser analisado no retorno do recesso parlamentar, em agosto. No caso de GDias, o grupo quer que ele relate as providências tomadas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para o monitoramento das invasões de terra no país entre janeiro e março deste ano.