Deputado negro é constrangido em voo pela enésima vez

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Foto: Reprodução

O deputado estadual Renato Freitas (PT) se tornou alvo de nova revista aleatória, desta vez, no aeroporto de Brasília nesta segunda-feira. O parlamentar paranaense chegou à capital onde participou de uma marcha pela preservação, reconhecimento e valorização da cultura hip-hop na tarde de ontem. Em vídeo divulgado em suas redes sociais, Freitas compartilhou o momento em que foi revistado.

‘Me sinto censurado’, diz Renato Freitas, alvo de terceiro processo de cassação por quebra de decoro

Na gravação, a agente pede para que a cena não seja filmada, mas o deputado pede para que a pessoa siga registrando o momento.

“Bom dia pra você que é sempre sorteado, mas nunca tem sorte”, escreveu na legenda da publicação. Apoiadores do parlamentar questionaram o motivo de um homem negro sempre ser alvo de racismo. “De novo esse constrangimento?”, disse um usuário.

Em dezembro do ano passado, Renato Freitas afirmou ter sido vítima de racismo por parte da Polícia Federal (PF) por ter sido abordado por agentes durante uma viagem de avião em Foz do Iguaçu, no Paraná.

— Bando de racistas, ignorantes. Tudo certo? Sim, tirando o fato de ser humilhado. Todo mundo passa por isso? Quantas pessoas desse voo saíram no meio do voo escoltados pela Polícia Federal para ser revistado? — disse à época.

Em nota enviada ao GLOBO, a Polícia Federal afirmou, à época, que o deputado se recusou a passar pelo procedimento padrão de inspeção da bagagem e seguiu diretamente para a aeronave:

“Dessa forma, a equipe de inspeção do aeroporto acionou a PF para que a acompanhasse até o avião e procedesse à inspeção devida”.

Atualmente, Renato Freitas enfrenta o terceiro processo administrativo por quebra de decoro parlamentar de sua carreira. Por um pedido da Corregedoria da Assembleia Legislativa, Freitas chegou ao Conselho de Ética e pode perder o seu mandato por falta de compostura nas sessões. Ocasiões em que chamou o governador do estado, Ratinho Júnior (PSD), de “rato” e criticou o empresário Luciano Hang em plenário são citadas no despacho.

Enquanto vereador de Curitiba, o político teve seu mandato cassado e revertido por decisão judicial em duas ocasiões. As representações na Câmara ocorreram por um episódio de fevereiro de 2022, quando ele liderou a entrada na igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito, no centro histórico da capital, durante ato contra o racismo.

Apesar deste processo ter ganho grande repercussão, não foi o primeiro procedimento administrativo de Renato Freitas. Logo no começo de seu mandato se tornou alvo de um pedido após protestar pela morte de Beto Freitas, espancado e assassinado por seguranças do Carrefour em novembro de 2020.

— Um ponto em comum desses três processos é que estava falando da valorização da vida e contra a política extremamente racista do estado brasileiro — disse o deputado ao GLOBO.

O Globo