Extrema-direita se divide no Rio
Foto: O Globo
Com a saída do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) da disputa pela prefeitura do Rio em 2024 e o enfraquecimento do nome do general da reserva Walter Braga Netto (PL), a família Bolsonaro tem deixado aliados de direita articularem suas candidaturas, numa estratégia para identificar qual deles chegará com mais fôlego ao ano que vem. Recentemente, o deputado estadual Rodrigo Amorim (PTB) e o deputado federal Otoni de Paula (MDB) intensificaram as movimentações em busca de apoios.
Já uma ala bolsonarista trabalha para alavancar o nome do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello (PL-RJ), deputado federal mais votado na capital, como carta na manga do PL. Cotado para assumir o papel de candidato do clã Bolsonaro no início deste ano, o parlamentar acabou preterido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
A definição de um candidato do PL no Rio tem esbarrado na eleição de 2026. O partido almeja eleger, no mínimo, 20 das 54 cadeiras do Senado que estarão em disputa. Braga Netto, por sua vez, tem defendido a interlocutores que prefere concorrer a senador por Minas Gerais, seu estado natal. Uma eventual vitória à prefeitura do Rio inviabilizaria sua pretensão.
Segundo previsão do PL, há estados com a expectativa de conquista de duas vagas, como Rio, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rondônia. O Senado reúne 81 parlamentares. No ano passado, 27 foram eleitos ou reeleitos, dos quais oito do PL.
Nome da direita bolsonarista na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Amorim é cortejado pelo União Brasil para disputar a prefeitura carioca. Com um pé fora do PTB, o deputado diz que tem sido procurado por mais de um partido.
— Do total de votos que tive, metade foi na capital. Fui procurado por partidos como o Podemos, e as conversas com o União Brasil avançaram — afirma Amorim, um dos principais aliados do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, que se despediu do PL para acertar a filiação ao União, sigla que irá presidir no estado.
— Nossa proposta no estado é caminhar com o PL, e isso inclui a capital. Defendo que o candidato no Rio seja o de maior viabilidade, e Rodrigo Amorim desponta na corrida. Vamos tentar filiá-lo ao União Brasil— afirma, Bacellar, prevendo polarização: — O Rio tem se mostrado um estado conservador, e a capital também. A tendência é repetirmos a polarização de 2022.
Além de Amorim, Otoni de Paula tenta se cacifar para a sucessão de Eduardo Paes (PSD) entoando o discurso de defesa de pautas de costumes. Já Pazuello se dividide entre a capital e o interior com a caravana do PL. Junto com o presidente estadual da sigla, Altineu Côrtes, promove reuniões com prefeitos e vereadores.
Secretário-geral no estado, Bruno Bonetti afirma que o PL avalia na capital nomes da sigla e de outros partidos por meio de pesquisas. No entanto, a prioridade é o lançamento de candidaturas próprias:
— Há uma recomendação nacional: todos os candidatos do PL terão de ser bolsonarista. Caso contrário, não terão legenda nem apoio.