Lira sugere a Bolsonaro não brigar com Tarcísio
Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou hoje que entrou em contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e defendeu o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em meio ao conflito entre os dois. Em pronunciamento na Câmara, Lira disse que ligou e mandou mensagem para Bolsonaro ontem, dia da aprovação da reforma tributária na Casa. “Colocando justamente, sem fazer juízo de valor nem pedindo posicionamento, que essa reforma nasceu no governo dele, foi tocada dentro do Congresso e de que ela era do Brasil”.
O presidente da Câmara defendeu a postura de Tarcísio durante a discussão da reforma, considerada decisiva para aprovação. “Fiz uma observação: de que o governador Tarcísio foi muito correto com o tratamento da PEC e que é um amigo que precisa ser preservado”.
Autor da proposta, o deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP) declarou que o momento em que ficou claro que haveria aprovação foi quando Tarcísio sinalizou apoio. Arthur Lira afirmou que o estado de São Paulo sempre foi um obstáculo e desta vez trabalhou pela reforma. Durante o pronunciamento, Lira também agradeceu ao presidente Lula (PT) e ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pela atuação na reforma tributária. Segundo o presidente da Câmara, os dois ligaram para ele para parabenizar pela aprovação e “saber do ambiente. Ele não quis estimar um prazo para finalização da apreciação da reforma tributária pelo Congresso, mas disse acreditar que o projeto ainda deve voltar para Câmara, já que o Senado pode fazer alterações. “O Senado vai ter a oportunidade de fazer uma discussão mais pausada, com um olhar mais agudo, e saberemos avaliar o texto que, com certeza, deve voltar do Senado”, disse.
Defensor da reforma tributária, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, foi interrompido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e vaiado ontem durante reunião do PL que discutia o assunto. Alguns deputados bolsonaristas afirmaram que o ex-ministro está “queimado”. No vídeo compartilhado em páginas bolsonaristas, Tarcísio defende a reforma tributária. Ele está ao lado de Bolsonaro e de outras lideranças do PL, como o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (RN). Bolsonaro fez uma crítica pública ao ex-ministro dizendo que “todo mundo aqui sabe que o Tarcísio não entende de política”, segundo fontes presentes na reunião relataram ao UOL. O governador de SP disse que a direita deve discutir a proposta. “Nós não podemos perder a narrativa. A direita não pode perder a narrativa de ser favorável na reforma tributária. Senão, ela acaba sendo aprovada, e quem aprovou?” Após a fala, Tarcísio é interrompido pelo ex-presidente, que diz: “Se o PL estiver unido, não aprova nada”. O ex-presidente havia se reunido com Tarcísio antes e deixado claro que é contra a reforma. Durante a tarde, Jair Bolsonaro concedeu entrevista a Jovem Pan e tratou o governador de São Paulo de forma cordial. Mas ele não deixou de eleogiar Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais que também é cotado como possível candidato da direita a presidente em 2026.
O plenário da Câmara aprovou hoje em segundo turno, por 375 votos a 113, o texto-base da PEC da reforma tributária. Falta votar os destaques (possível alteração no texto) antes de a proposta ir para o Senado. Vitória do governo Lula e momento histórico. A reforma tributária era discutida há cerca de 30 anos, sem ter avançado no Congresso Nacional durante os governos anteriores. O sistema atual foi criado na década de 1960. Com exceção do PL e do Novo, todas as bancadas orientaram favoravelmente ao projeto.