Novo ministro do Turismo tem experiência zero no setor
Foto: Najara Araujo/Câmara dos Deputados
Confirmado nesta quinta-feira como novo titular do Turismo pelo ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais — embora a atual ocupante do cargo, Daniela Carneiro, ainda não tenha deixado o posto oficialmente —, o deputado federal Celso Sabino (União-PA) não aprovou nenhuma proposta sobre o tema no Congresso Nacional. Desde 2019, o parlamentar apresentou três projetos associados ao setor — dois deles em maio deste ano, quando seu nome já era ventilado para assumir a pasta.
O primeiro texto relativo a turismo que ele protocolou na Casa foi em 2020, quando propôs a criação da Rota Turística Histórica Belém-Bragança, “com o objetivo de estimular o desenvolvimento econômico e social da Amazônia Atlântica”. O trecho teria extensão de 223 km, passando por doze municípios do estado do Pará e duas rodovias federais, mas o projeto ainda aguarda parecer do relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Já neste ano, enquanto fervia a crise que culminou na mudança no ministério, Sabino apresentou duas novas proposições que concedem os títulos de capital nacional do dendê ao município de Moju (PA) e do açaí para a cidade de Igarapé-Miri (PA). Os projetos foram apresentados em 25 e 18 de maio, respectivamente.
Desde 2019, Sabino apresentou 60 projetos de lei. Entre eles, há 17 textos sobre a causa animal: o deputado já propôs, por exemplo, que universidades públicas federais que ofereçam curso de medicina veterinária atendam animais de estimação da população de baixa renda.
A troca no Ministério do Turismo, após intenso vaivém no governo, foi confirmada por Padilha através de uma nota divulgada na tarde desta quinta-feira. Antes, depois de um encontro entre Daniela e Lula, o Planalto chegou a informar que a troca no ministério seria adiada.
“O presidente Lula e eu nos reuniremos com o presidente e os líderes do União Brasil, em data a ser definida amanhã (sexta-feira), para receber a indicação do deputado Celso Sabino, que vai liderar a pasta do Turismo, dando continuidade ao trabalho pela recuperação de um setor tão importante para a geração de emprego e renda no Brasil”, comunicou a nota de Padilha.
A decisão de trocar o titular da pasta de Turismo tem como pano de fundo uma tentativa do Planalto de garantir a fidelidade do União Brasil nas votações consideradas prioritárias para o governo no Congresso, o que não vem acontecendo. Mesmo com três ministros da sigla no gabinete de Lula, apenas 14% dos votos do partido estavam alinhados ao do governo nas votações do marco temporal para demarcação de terras indígenas, dos decretos do Marco do Saneamento e da urgência do PL das Fake News.
A falta de comprometimento dos deputados da legenda com o governo ficou evidente na votação do MP dos Ministérios, quando o União deu 15 de seus 50 votos contra a Medida Provisória de reorganização dos ministérios. Nesta quinta-feira, já depois do anúncio de Padilha, 81% da bancada do partido na Câmara votaram a favor da reforma tributária.