Reforma ministerial começará pela caixa

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Foto: Cristiano Mariz/O Globo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se reunir com caciques da Câmara nesta semana para destravar a reforma ministerial e sacramentar a entrada de PP e Republicanos no governo. As mudanças deverão começar pela comando da Caixa Econômica Federal, cuja favorita para assumir é a ex-deputada Margarete Coelho, nome de confiança do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Um encontro entre o parlamentar alagoano e Lula está previsto para os próximos dias.

A Câmara retomará os seus trabalhos nesta semana de olho na reforma. A expectativa é que a troca no banco ocorra até a próxima sexta-feira. Com o primeiro passo dado, parlamentares do Centrão imaginam o caminho aberto para a entrada de PP e Republicanos na Esplanada — os dois partidos estavam distantes de Lula desde o impeachment de Dilma Rousseff, mas já fizeram parte de gestões petistas passadas.

O posto na Caixa é cobiçado pelo alcance que ele proporciona: o banco tem presença em todo o país e maneja volumes expressivos em setores amplos, que vão do pagamento a beneficiários do Bolsa Família a linhas de crédito para empresários do agronegócio.

O líder do PP na Câmara, André Fufuca (MA), aliado próximo a Lira, e o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) já foram escolhidos por suas bancadas para representá-las no primeiro escalão. Articuladores políticos de Lula já apresentaram ao presidente diversos cenários possíveis, mas os ministérios que os dois parlamentares vão ocupar seguem indefinidos.

A Câmara, por onde vão passar pautas prioritárias do governo — a nova votação do marco fiscal, após mudanças no Senado, e a reforma tributária, que deve ter o mesmo destino —, espera sinalizações do Palácio do Planalto. Lira vai se reunir com líderes partidários amanhã para definir o ritmo dos trabalhos. É esperado que, antes, ocorra um encontro entre o presidente da Câmara e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para alinhar os trabalhos.

Ao GLOBO, Lira disse que a prioridade das pautas será debatida com os parlamentares e negou diálogos diretos pela reforma ministerial.

— Vamos nos reunir para tratar prioridades, mas isto não cabe apenas ao presidente da Câmara. É necessário chegar a entendimentos e conversar com líderes nesta terça (amanhã) — afirmou.

Com a ocupação de ministérios por PP e Republicanos, a projeção no Planalto é contar com cerca de 350 dos 513 votos do plenário da Câmara. Mas, para que isto ocorra, um “quebra cabeça” de cargos precisa ser resolvido.

Antigo alvo do Republicanos, o Ministério dos Esporte voltou a ser o destino mais provável da legenda, após os debates envolverem também a possibilidade de entrega de Portos e Aeroportos, hoje com Márcio França (PSB), ou Ciência e Tecnologia, que tem Luciana Santos (PCdoB) à frente. Apesar de Lula já ter declarado que não pretende tirar Ana Moser do Esporte, interlocutores do Planalto reforçam que a atual ministra pode ter omo destino alguma outra estrutura ligada ao setor na administração federal.

Já no caso de Fufuca, a saída desejada pelo PP é o Desenvolvimento Social. A pedida é considerada alta no Planalto, por dois motivos: a pasta tem orçamento robusto e cuida do Bolsa Família, principal vitrine; o comando é de Wellington Dias, aliado histórico de Lula e ex-governador do Piauí, estado onde o presidente teve sua maior votação proporcional na eleição do ano passado. Um dos desenhos em curso, no entanto, prevê o deslocamento do Bolsa Família para um ministério sob os cuidados de um petista.

Para Dias seguir contemplado, uma ala governista defende o remanejamento para a pasta da Gestão. Neste caso, a ministra Esther Dweck perderia o posto, mas ganharia uma função ao lado da secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, na condução do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Outro nó a ser resolvido pelo governo é a representação feminina na Esplanada, que já sofreu uma perda com a troca de Daniela Carneiro por Celso Sabino no Turismo, concretizada há duas semanas.

As reuniões que Lula terá envolvem também o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Além dos encontros com Lira e líderes de PP e Republicanos, é esperada uma segunda fase, em que sejam convocados também representantes de siglas que já ocupam ministérios, casos de União Brasil, PSD, MDB e PSB.

O Globo