Regiões menos desenvolvidas do AM têm mais desmatamento

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Lucas Ninno/Getty Images

Em 2022, o equivalente a 21 árvores foram derrubadas por minuto na Amazônia. Apesar do dano ambiental, poderia se acreditar que essa atividade gera riqueza para a região, mas de acordo com um levantamento divulgado nesta quinta-feira, 26, o que ocorre é exatamente o contrário: o desmatamento está fortemente associado a um baixo Índice de Progresso Social (IPS). O relatório foi feito pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), uma organização científica sem fins lucrativos. De acordo com o levantamento, o desmatamento médio dos 29 municípios com as notas mais altas no IPS foi de 20 quilômetros quadrados, enquanto as 89 com menor nota desmataram 86 quilômetros quadrados. “A história mostra que desde o início do ciclo de ocupação da Amazônia com base no desmatamento, na década de 1970, os resultados sociais, econômicos e ambientais têm sido desastrosos”, afirma o coordenador da pesquisa e cofundador do Imazon, Beto Veríssimo. O IPS, utilizado pelo Imazon, é um índice internacional criado para complementar o PIB. Com variação de 0 a 100, ele leva em consideração marcadores socioambientais, como moradia, segurança, inclusão social e acesso à informação. Os municípios com menor desmatamento registraram IPS superior a 61,80, enquanto nas cidades com maior derrubada de árvores, não passou do 50,12. A mais emblemática destas é a já conhecida cidade de Altamira, no Pará, onde a área desmatada passou dos 2 mil quilômetros quadrados e o IPS é de 51,28. O território com menor índice foi Portel, com 44,01 pontos e um desmatamento superior a 700 quilômetros quadrados. Na Amazônia, em 2022, o índice médio foi de 54,22, um patamar 25% menor que no resto do Brasil, onde a média foi de 67,94. Colocá-lo em perspectiva pode trazer ainda mais surpresa: se a Amazônia fosse um país, seria o 44º com pior qualidade de vida entre os 169 avaliados. O IPS Amazônia 2023 é dividido nos indicadores 1) Necessidades Humanas Básicas, 2) Fundamentos para o Bem-Estar e 3) Oportunidades. O último, que engloba fatores como violência de gênero, acesso à educação superior e acesso a cultura, teve a menor nota, com um índice de 40,31, valor 45% inferior à média nacional. Por outro lado, nutrição, saúde e moradia tiveram notas mais próximas de 80. “Para promover o progresso social na Amazônia é necessário reduzir drasticamente o desmatamento e as atividades ilegais associadas, pois essas deterioram o ambiente econômico inibindo bons investimentos”, diz Beto Veríssimo. “Existe um potencial enorme de desenvolvimento sem desmatamento, principalmente por meio do aumento da produção agropecuária nas áreas já derrubadas e da melhoria da bioeconomia e do pagamento dos serviços ambientais onde a floresta segue em pé.”

Veja