Voracidade do Centrão pode tirar cargos do PT
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Em meio a espera pela indicação do deputado Celso Sabino (União-PA) para o Ministério do Turismo, partidos do Centrão já fizeram chegar ao Palácio do Planalto a avaliação que “mudanças pontuais” não serão suficientes para fortalecer a base do governo no Congresso.
O grupo demonstrou disposição em aguardar para o que chamam de “solução coletiva”, ou seja, uma reforma ministerial mais ampla que contemplasse outras legendas do bloco: além de União, PP e Republicanos também deveriam ser agraciados com postos no primeiro escalão.
Diante da demanda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mandou recado às siglas que pode ceder espaços atualmente ocupados por quadros do PT. Fontes relataram que o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), foi o responsável por avisar o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), sobre essa disposição do chefe do Poder Executivo em abrigar nomes de partidos de centro na Esplanada.
Interlocutores de Lira defendem que apenas uma reforma mais ampla pode deflagrar uma adesão mais expressiva de parlamentares do centro à base aliada do governo no Congresso.
Ainda que integrantes do União Brasil sigam acreditando que a substituição da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, por Sabino será formalizada nesta sexta-feira, a perspectiva de uma reforma mais ampla mudou o sentimento de integrantes do Centrão. Alguns passaram a apostar que as trocas saiam do papel apenas durante o recesso parlamentar ou até mesmo em agosto.
A ofensiva do Centrão por essa solução coletiva ocorre em meio às dificuldades do governo de conseguir a aprovação de medidas consideradas prioritárias pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), como o projeto do novo arcabouço fiscal e a proposta que prevê a retomada do voto de qualidade no Conselho Administrativo sobre Recursos Fiscais (Carf).
Com o adiamento da conclusão da votação dos destaques da reforma tributária para hoje, a expectativa é que as votações fiquem apenas para quando os parlamentares retornarem das férias.
Governistas pontuam que Lula avalia entrar em campo ainda hoje e telefonar para Lira para tentar garantir que os textos sejam apreciados antes do recesso. Um obstáculo para que a eventual ofensiva surta efeito é que os relatórios de Cláudio Cajado (PP-BA) e Beto Pereira (PSDB-MS) ainda são desconhecidos.
Líderes do União tem reforçado a integrantes do governo que preferem que Sabino receba o Turismo “de portas fechadas”, ou seja, com direitos a mudar completamente a composição da pasta. Isso incluiria a substituição de Marcelo Freixo (PT-RJ) no comando da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur). Lula já demonstrou resistência com a eventual saída de Freixo.
Diante disso, expoentes do partido de Luciano Bivar (União-PE) externaram a preferência por uma reforma mais ampla, que contemplasse a partidos aliados, como o PP e o Republicanos.
Além de emplacar Sabino à frente do Turismo, o União poderia ocupar postos de segundo e terceiro escalão de pastas comandadas por outras legendas, principalmente as do PT.
Enquanto o PP poderia herdar o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, que hoje está nas mãos de Wellington Dias (PT-PI), um nome do Republicanos pode assumir o lugar de Ana Moser no Ministério do Esporte.
Além disso, a Fundação Nacional da Saúde e a Caixa também estariam a mira do Centrão caso Lula decida tirar do papel a reforma mais ampla.
Aliados do Planalto avaliam que a eventual dança das cadeiras pode contribuir não apenas para uma ampliação da base governista como também tem potencial de destravar a apreciação de matérias importantes para Haddad e para a equipe econômica.